O que é?
O transtorno de ansiedade de separação é caracterizado por
ansiedade excessiva em relação ao afastamento de um dos pais (normalmente a
mãe) ou seus substitutos, não adequada ao nível de desenvolvimento, que
persiste por, no mínimo, quatro semanas, causando sofrimento intenso e prejuízos
significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente.
As crianças com Transtorno de Ansiedade de
Separação tendem a vir de famílias muito
unidas.
Quando separadas de casa ou das figuras principais de vinculação, elas
podem exibir, de um modo recorrente, retraimento social, apatia, tristeza ou
dificuldade para concentrar-se no trabalho ou em brincadeiras.
Este medo causa sofrimento significativo e prejuízos importantes nas áreas social,
escolar e familiar. Crianças e adolescentes com este transtorno tornam-se
extremamente ansiosas quando não estão em companhia dos pais, o que causa queda
de desempenho escolar e dificuldade de interação com colegas. Não raro, a mãe
desiste de trabalhar ou ter outras atividades para dar segurança ao
filho.
Qual a população atingida?
Na população infanto juvenil, em geral, estima-se que cerca de 4% dos
indivíduos sofram de graus variáveis deste transtorno. Já entre crianças e
adolescentes atendidas em algum serviço ambulatorial este índice salta para 27%
a 38%, o que nos dá uma ideia da gravidade do problema. O transtorno parece ser
ligeiramente maior no sexo feminino, mas a diferença não é significativa.
Pesquisas sugerem que este problema pode ser mais comum em crianças cujas mães
sofram de transtorno do pânico. O problema se inicia antes dos 18 anos e tem
duração mínima de quatro semanas.
Sinais de alerta para a ansiedade de separação em crianças e adolescentes:
- Sofrimento excessivo e recorrente frente à ocorrência ou previsão de
afastamento de casa ou de figuras importantes de vinculação;
-Preocupação persistente e excessiva acerca de perder, ou sobre possíveis
perigos envolvendo figuras importantes de vinculação;
-Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à
separação de uma figura importante de vinculação (p. ex.: perder-se ou ser
sequestrado);
-Relutância persistente ou recusa a ir para a escola ou a qualquer outro lugar,
em razão do medo da separação;
-Temor excessivo e persistente ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras
importantes de vinculação em casa ou sem adultos significativos em outros
contextos;
-Relutância ou recusa persistente a ir dormir sem estar próximo a uma figura
importante de vinculação ou a pernoitar longe de casa;
-Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação;
-Repetidas queixas de sintomas somáticos (cefaléias, dores abdominais, náusea
ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de vinculação ocorre ou é
prevista.
Como em qualquer outro transtorno de ansiedade, existe uma interação de fatores
biológicos e ambientais. Crianças e adolescentes com predisposição genética
para a ansiedade podem apresentar este transtorno, risco que cresce
progressivamente se ela viver em um ambiente estressante, em famílias ansiosas
e passar por alguma situação traumática.
É importante observar o comportamento de pais e familiares: se eles demonstram
preocupação excessiva com doenças, assaltos, desastres ou mesmo acontecimentos
do cotidiano na presença da criança. Esta característica não só sinaliza para a
predisposição genética, como também cria a predisposição psicológica, já que a
criança estrutura sua personalidade principalmente com as pessoas e ambientes
em que passa mais tempo. Além disso, o costume de controlar o comportamento da
criança com base em ameaças sobrenaturais e imaginárias
("bicho-papão", "homem do bueiro", "cuca",
"papai do céu vai te castigar") predispõe a criança a ter reações de
ansiedade frente a perigos inexistentes, demandando assim a presença integral
da figura de vinculação importante para se sentir segura.
Tratamento
Quando
há recusa escolar, o retorno à escola deve ser o mais rápido possível, para
evitar cronicidade e evasão escolar. Deve haver uma sintonia entre a escola, os
pais e o terapeuta quanto aos objetivos, conduta e manejo. O retorno deve ser
gradual, pois se trata de uma readaptação, respeitando as limitações da criança
e seu grau de sofrimento e comprometimento.
As intervenções familiares
objetivam conscientizar a família sobre o transtorno, auxiliá-los a aumentar a
autonomia e a competência da criança e reforçar suas conquistas.
É importante que os pais e parentes próximos se
conscientizem da importância de mudar seus possíveis comportamentos ansiosos e
tendência à preocupação devido ao impacto negativo causado nas crianças.
Além
disso, os pais devem promover os comportamentos independentes dos seus filhos.
Os pais precisam incentivá-los a superar seus medos e, jamais, subestimarem sua
competência para lidarem com situações temidas.
As intervenções farmacológicas são necessárias quando os sintomas são graves e
incapacitantes, embora estudos controlados documentando seu uso sejam limitados.
O uso de antidepressivos tricíclicos (imipramina) mostrou resultados
controversos.
Os benzodiazepínicos, apesar de poucos estudos controlados que
avaliem a sua eficácia, são utilizados para ansiedade antecipatória e para
alívio dos sintomas durante o período de latência dos antidepressivos.
Os
inibidores seletivos da recaptura de serotonina podem ser efetivos para o
alívio dos sintomas de ansiedade, sendo considerados medicação de primeira
escolha devido ao seu perfil de efeitos colaterais, sua maior segurança, fácil
administração e quando há comorbidade com transtorno de humor.
A utilização de
beta-bloqueadores em crianças não está bem estabelecida.
É importante que os pais e parentes próximos se
conscientizem da importância de mudar seus possíveis comportamentos ansiosos e
tendência à preocupação devido ao impacto negativo causado nas crianças. Além
disso, os pais devem promover os comportamentos independentes dos seus filhos.
Os pais precisam incentivá-los a superar seus medos e, jamais, subestimarem sua
competência para lidarem com situações temidas.
Por Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva (Médica Psiquiatra)
Fonte:
https://www.facebook.com/psicopedagogia.trocandoideias
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600006
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