quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Do A ao B, do B ao A - TERAPIA ABA


ABA é a sigla usada para referir-se à Análise do Comportamento Aplicado (em inglês: Applied Behavior Analysis). Em entrevista a professora do IPUSP Maria Marta Costa Hübner, nos conta que “ABA é uma ciência complexa derivada do behaviorismo de Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). É uma abordagem baseada em evidências científicas, foi originada nos EUA, na década de 60”. 
Embora a ABA não tenha sido desenvolvida especificamente para a intervenção no comportamento da pessoa com Transtorno do Espectro Autista, a professora do PSE menciona que “na área do TEA, a ABA é a terapia comportamental que funciona porque é intensiva, sistemática e ensina habilidades. O autismo não é curável, mas é educável”. Assim sendo, ABA tornou-se a “queridinha” dos especialistas e recebe destaque considerável pela Organização Mundial de SaúdeMinistério da Saúde do Brasil e Governo do Estado de São Paulo; não só por isso, mas também por ter sua eficácia comprovada, diferentemente de outras aplicadas no campo.
Foi a partir de 1989 que os indivíduos com desenvolvimento atípico passaram a ser os sujeitos privilegiados nas intervenções relatadas no JABA (Journal of Applied Behavior Analysis), chegando muito perto de 50% do total de artigos até 1988 e crescendo progressivamente até atingir 75% em 1992.
A proposta básica da ABA resume-se em estimular comportamentos funcionais e fortalecer as habilidades existentes, além de modelar aquelas que ainda não foram desenvolvidas de forma que o indivíduo aprenda a interagir com a sociedade, estendendo o atendimento a todos os ambientes em que a criança vive.
Em paralelo com esse trabalho que é desenvolvido com a criança, é feito o treino dos pais e dada uma assistência, pois entende-se que os problemas de uma criança autista não estão restritos apenas a ela, abrangem a família também. Fora isso, sabe-se que as crianças se comportam de maneira diferente na clínica e em casa, portanto, é fundamental que os pais saibam como lidar com os problemas e dificuldades dos filhos no ambiente doméstico.
Como é a terapia ABA é realizada?
No livro da pesquisadora do IPUSP Luisa Guirado, “Tratamentos do autismo: a direção do olhar” encontramos a estrutura do tratamento que é dividida em quatro etapas (Windholz, 1995):  
1ª. Avaliação comportamental. Busca identificar as variáveis que controlam o comportamento-alvo. É necessário entender os fatores biológicos, sociais, econômicos e culturais, idade, estágio do desenvolvimentos e o contexto em que ocorreram e a consequência que os mantém.
2ª. Seleção de metas e objetivos. As metas são adquirir mais independência, desenvolver a comunicação e tornar o comportamento social mais aceitável e os objetivos são ligados a generalização dos comportamentos aprendidos, funcionalidade e adequação à idade, a médio prazo. Cada habilidade a ser aprendida é divida em pequenos passos ensinada com ajudas e reforçadores que poderão, gradualmente, ser eliminados.
3ª. Elaboração de programas de tratamento. Este é o momento em que são definidos os comportamentos a serem ensinados e as condições em que devem ocorrer. É preciso que os procedimentos sejam claros e que haja um reforçamento sistemático e eficaz. Verificação por dados da linha de base do quanto a criança já sabe, registrar e quantificar as respostas ao longo do programa para que seja possível verificar o processo e o progresso na aprendizagem. Neste caso, é comum o VB-MAPP (Verbal Behavior – Milestone Assessment and Placement Program) ser usado como protocolo de avaliação.
4ª. Intervenção. Há uma dificuldade das crianças com TEA no aprendizado e por isso a intervenção deve ser cuidadosamente planejada.
Além disso, é discutido que, para garantir a cientificidade e a qualidade da ABA, os analistas do comportamento devem nortear-se por sete dimensões de ciência aplicada (Baer e col (1968)). Primeiramente, ela deve ser Aplicada para atender às necessidades do indivíduo e da sociedade. A intervenção deve ser Conceitual, no sentido de seguir os princípios e filosofia do Behaviorismo Radical para que seja possível atingir a dimensão de uma intervenção Comportamental e, ainda, Analítica, demonstrando que a mudança comportamental foi produto dos procedimentos e programas comportamentais e não de outras variáveis.
 Obviamente, para atingir o objetivo buscado pelos que optam trabalhar com a ABA, a intervenção deve ser efetiva (deve ocorrer a melhora das condições comportamentais do indivíduo) e produzir mudanças generalizadas, ou seja, que os novos padrões comportamentais sejam mantidos no tempo, apareçam em diferentes ambientes ou contextos e que novos comportamentos relacionados sejam desenvolvidos sem uma intervenção direta. Por último, a ABA tem que ser Tecnológica. Assim é colocado pelas psicólogas Cíntia Guilhardi e Leila Bagaiolo que fizeram seu doutorado no IPUSP e Claudia Romano da PUC-SP.
É recomendada,  internacionalmente, que a intervenção com ABA seja aplicada em 40 horas semanais, de forma intensiva e individual (conhecida como Tratamento Precoce Intensivo), principalmente nos dois primeiros anos. Esta recomendação veio a partir de um  estudo de longo prazo, o de Ivar Lovaas: “O grande trabalho com ABA, é de um senhor chamado Ivar Lovaas em 1987. 
Ele faz uma avaliação com metodologia bastante rigorosa, com um grupo de crianças autistas que ele trabalha intensivamente o nível comportamental, e observa, inclusive, mudanças nos escores de provas cognitivas. É o primeiro grande trabalho com ABA”, relatou o professor do PSC Francisco Baptista Assumpção Júnior.
“Quase metade das crianças autistas no grupo de amostra obtiveram níveis formais de funcionamento intelectual (medidos por testes de QI) e tiveram desempenho satisfatório em classes da 1ª série regulares aos 7 anos de idade.” (source)
Não é apenas dentro da clínica que a intervenção deve ser feita, mas em todos os momentos de atividades, o que envolve a escola e o lar da criança. Além disso, quanto mais cedo for iniciada, melhores serão os resultados, pois em uma criança mais velha, certos comportamentos já estão solidificados. Portanto, o maior foco do trabalho acaba sendo barrar esses comportamentos em vez de ensinar novos e desenvolver capacidades.
Quem está apto a aplicar a ABA?
Como introduzido no início desta matéria, ABA é uma ciência. Portanto, idealmente, o profissional qualificado para planejar a aplicação dessa ciência por meio da terapia deve ser um conhecedor da análise do comportamento. Em seu novo trabalho, o pesquisador Robson Faggiani, que já atuou como supervisor do CAIS, afirma que o especialista, normalmente, é um psicólogo e possui especialização em Terapia Comportamental, Psicologia Experimental ou Análise do Comportamento. Todavia, a aplicação em si pode ser feita por qualquer um que passe por um treinamento com o perito. 
Devido a escassez de profissionais certificados no Brasil (o processo para obter um certificado é caro e extenso, mas, na verdade, o Brasil não possui certificação própria e também não reconhece outras) atuantes na área do espectro autista, cursos de ABA foram criados nos últimos tempos, tendo os pais de crianças com TEA e analistas como público-alvo.
O caráter singular de cada pessoa não pode deixar de ser levado em consideração. Nenhuma intervenção será igual para crianças diferentes; se o terapeuta apresenta uma proposta sem antes investigar o caso do cliente, é impossível obter embasamento suficiente para as práticas terapêuticas.

Fonte:Psico.USP

BRINCAR SOLITÁRIO


O que as crianças aprendem quando conseguem brincar sozinhas:
• maior independência durante o tempo livre.
• o desenvolvimento de comportamentos alternativos que pode substituir os comportamentos estereotipados (por exemplo,
um carro em uma pista de corrida em vez de balançar o carro para cima e para baixo na frente dos olhos).
• uma maneira de interagir socialmente com colegas.
Como posso preparar meu filho para a fase de brincar solitário?
• Manipulação de brinquedos com um passo e depois com dois passos
O objetivo da manipulação de brinquedos é ensinar seu filho a imitar ações com brinquedos.
Esta é a base para ensinar seu filho as funções de como usar objetos e brincar com brinquedos funcionalmente.
Habilidades de imitação são a base da aprendizagem observacional e são essenciais para brincadeiras mais complexas e podem melhorar as habilidades imitativas.
Como ensinar a manipulação de brinquedos de um passo:
Comece ensinando seu filho a imitar uma ação, por exemplo, colocando uma única peça do quebra-cabeça, colocando uma forma em um brinquedo de formas, ou movendo um carrinho.
Lembre-se sempre do reforço positivo quando seu filho estiver envolvido na atividade.
Use também as dicas de ajudas e gradualmente tire essas ajudas para que seu filho se envolva na atividade de forma independente.
Além disso, ensine ações diferentes para cada brinquedo para expandir suas habilidades de brincar com brinquedos diferentes.
Como ensinar a manipulação de brinquedos de dois passos:
Você ensina a ele duas seqüências de ações.
Por exemplo, coloque uma boneca no carro e empurre o carro ou o copinho na boca da boneca e depois a boneca na cama.
Exemplos adicionais:
Um passo
Bata o martelo de brinquedo numa superfície
Faça o movimento de pular com um animal
Pentear o cabelo da boneca
Bater pandeiro
Dois passos
Copo na boca da boneca, coloque a boneca na cama
Rolar a boca, quicar a bola
Pressione os botões no telefone, telefone ao ouvido
Fazer o animal de brinquedo andar, depois dar comidinha para ele
Colocar uma colher em uma tigela, mexer a colher na tigela
Como você tem ajudado seu filho(a)? ❤️

sábado, 16 de novembro de 2019

QUAL A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL E PARA APRENDIZAGEM?


Nos movimentos das crianças se articula toda sua afetividade, desejos e suas possibilidades de comunicação. O que é psicomotricidade? Sua definição. No princípio, a psicomotricidade era utilizada apenas na correção de alguma debilidade, dificuldade, ou deficiência. ainda está em formação, já que à medida que avança e é aplicada, vai-se estendendo a distintos e variados campos

Hoje, vai mais longe: a psicomotricidade ocupa um lugar importante no desenvolvimento infantil, sobretudo na primeira infância, em razão de que se reconhece que existe uma grande interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais. A psicomotricidade é a ação do sistema nervoso central que cria uma consciência no ser humano sobre os movimentos que realiza através dos padrões motores, como a velocidade, o espaço e o tempo.

A psicomotricidade, como estimulação aos movimentos da criança, tem como meta:

- Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre o corpo e o exterior (o outro e as coisas).

- Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal.

- Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários.

- Fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção.

- Ampliar e valorizar a identidade própria e a auto-estima dentro da pluralidade grupal.

- Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e exclusivo.

- Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos demais.

Considerando-se que  na primeira infância existe uma forte correlação entre os desenvolvimentos motores e intelectuais, e de suma importância  a estimulação do desenho infantil , que representa seu primeiro “tesouro” expressivo, que muito  irá contribuir para o desenvolvimento infantil e consequentemente para a construção  de sua linguagem / aprendizagem.

O desenho é uma atividade espontânea e como tal, deve-se respeitá-la e considerá-la como a grande obra das crianças. Se a criança tem vontade de desenhar, anime-a sempre que o faça. O ideal seria que todas as crianças pudessem ter, desde cedo, algum contato com o lápis e o papel. Começarão com rabiscos e logo estarão desenhando formas mais reconhecíveis. Quanto mais a criança desenhar, ela se aperfeiçoará, e mais benefícios se notará no seu desenvolvimento. O desenho facilita e faz evoluir a criança na:

- psicomotricidade fina;
- Aprendizagem  ( leitura e escrita);
- confiança en si mesma;
-exteriorização de suas emoções, sentimentos e sensações;
- comunicação com os demais e consigo mesma
- criatividade
- formação da sua personalidade
- maturidade psicológica

A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades, as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a Educação Infantil.

A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser natureza e o ser sociedade. A Psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente.
Vitor da Fonseca (1988) comenta que a "PSICOMOTRICIDADE" é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio.

Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante. É necessário que toda criança passe por todas as etapas para o desenvolvimento da linguagem.

O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.Para que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades considerando seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio-afetivo.

Segundo Barreto (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.

Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo, que favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade; tudo isso visando à formação da sua personalidade.

SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PSICOMOTORES: engatinhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um só pé, andar para os lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados (passeios ao ar livre), JOGOS E BRINCADEIRAS ( dedoches, encaixe de formas;lego,Banho de bonecas.Campo de futebol;bola. Etc;...)

Pode-se afirmar, então que a PSICOMOTRICIDADE ESTÁ INTEIRAMENTE LIGADA AO AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL E AO PROCESSO DE APRENDIZAGEM!

BIBLIOGRAFIA:

VIANA, Adalberto Riqueira. VIANA, Eliana. MELO, Waléria de. Coordenação Psicomotora, Volume I. NEGRINE, Airton. Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil. Prodil. Vol. 3. Corpo na Educação Infantil. EUCS. Caxias do Sul, 2002. Educação Psicomotora. Editora Pallotti. 1ª edição, Porto Alegre, 1968.

FERREIRA,Carlos Alberto; LOVISE .Psicomotricidade /da educação infantil a gerontologia;ano 2000

MATTOS,vera , KABARITE,Aline ; Perfil psicomotor / um olhar para além do desempenho/Coleção resumido /Ed.RIO/2005/ Universidade Estácio de Sá

Psicomotricidade: Atividades Essenciais

PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A educação infantil visa o desenvolvimento integral e a construção da autonomia infantil. Essa fase dos 4 a 6 anos é de tomada de decisão. É aqui que são formadas atitudes básicas que exercem impacto durante toda a vida. Por isso a importância de desenvolver atividades  que auxiliem a psicomotricidade.
Algumas crianças nessa faixa etária são ativas, cheias de energia e para elas é difícil ficarem sentadas por alguns minutos. Outros têm dificuldade para se concentrarem em detalhes, facilmente se distraem e possuem uma compreensão limitada do tempo e espaço.
Lidam intensamente com suas emoções, desejam ser o centro das atenções e não gostam de mudanças, preferem ficar na rotina. Brincam com outras crianças, dispostas a partilhar e a ceder a vez, brincam amarelinha e de faz de conta. Nessa idade podem ser muito briguentas, no entanto, são capazes de ouvir e raciocinar principalmente na fase dos porquês.
A motricidade já tem grandes progressos visto que conseguem vestirem-se e despirem-se sozinhas. Nesta fase treina-se a coordenação motora, elas executam movimentos isolados do corpo (só os pés, só as mãos). Começa o interesse por brincadeiras que envolvem rapidez e velocidade. Mas é difícil participarem de jogos com crianças mais velhas, pois mudam muito as regras. O brincar ainda é paralelo e não cooperativo, compreendem regras, mas seguem por períodos curtos.
O estímulo de outras capacidades físicas nesta idade, bem como o desenvolvimento psicológico e cognitivo deve ser de forma gradual. Sendo realizada através de atividades que a criança goste e nunca por obrigação ou desejo dos pais para serem atletas. Quando a atividade é tratada como brinquedo ou diversão, há mais chances de conquistar a criança.

COMO PREPARAR ATIVIDADES PARA SEUS ALUNOS DO INFANTIL

É essencial que o profissional de educação infantil compreenda o desenvolvimento social, afetivo, psicomotor e cognitivo da criança de 5 anos.
Entretanto, deve considerar que este desenvolvimento se dá em ritmos diversos, de acordo com a história de vida da criança, e com as possibilidades oferecidas pelo seu meio ambiente, sem que variações nesse ritmo sejam vistas como “atrasos” ou “deficiências”.
É importante fazer com que a criança seja mais ativa, com maior possibilidade de expor suas ideias e não simplesmente o professor escolher a atividade e a criança apenas reproduzir o que aprendeu.
O educador pode conduzir o processo pedagógico, mas sempre avaliando, ouvindo e observando as crianças, visando o seu desenvolvimento integral.
E a melhor forma para fazer isso é através do brincar, onde a criança tem uma oportunidade de se desenvolver em todos os aspectos pois ela experimenta, cria, reinventa e descobre.

BRINCADEIRAS QUE AJUDAM NA PSICOMOTRICIDADE

O ato de brincar estimula a curiosidade, iniciativa, autoconfiança, imaginação e a inteligência. Além disso, possibilita exercitar a concentração, atenção, engajamento e interação proporcionando desafios, motivação e o aprender fazendo.
No tocante a exercício físico, o melhor é aquele que se pode fazer regularmente. A atividade física para crianças não pode ser punitiva e nem necessariamente competitiva, mas sempre prazerosa. Aderência é fundamental.
Portanto, começar a introduzir a atividade física com brincadeiras é a melhor forma de despertar na criança o gosto pela prática, pelo movimento e pela regularidade.
Com isso se começa a introduzir sem que a criança perceba a prática de exercícios físicos. Segundo o Colégio Americano de medicina do Esporte (ACMS), todos os indivíduos a partir dos 2 anos de idade devem desenvolver 30 minutos de atividades físicas moderadas a intensa, durante a maioria, ou preferencialmente, todos os dias da semana.
As atividades devem ser desafiadoras, mas não difíceis e nem fáceis demais. Se o aluno não conseguir executar a tarefa imposta ele ficará desmotivado e com baixa autoestima. E se ele a executar com facilidade poderá perder o interesse em mantê-la. Portanto, a motivação é parte essencial do aprendizado e deve ser atingida por meio de reforços positivos. A partir do momento que a criança se sente capaz, ela não inibirá sua curiosidade nem suas tentativas de solução.
Talvez o mais importante seja tornar as aulas divertidas, partindo do professor que deverá estar descansado e de bom humor. Assim, é certo que todas as crianças manterão a adesão quando a atividade for divertida e não uma obrigação.

HABILIDADES MOTORAS A SE DESENVOLVER NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Quanto mais lúdico for o ensino nessa fase dos 4 e 5 anos maior é o aprendizado da criança. Os jogos e brincadeiras recreativas dirigidas a elas devem desenvolver habilidades específicas:
  • Coordenação motora
  • Orientação espacial
  • Ritmo, equilíbrio
  • Organização temporal
  • Desenvolver a linguagem como forma de comunicação.
E na idade dos 5 anos, tendo a percepção que a criança está se desenvolvendo harmonicamente, já pode ser inserida em modalidades esportivas como a natação, o futebol, o ballet, por exemplo.
Esse primeiro contato com o desporto deve ser de forma que este lhe dê prazer e sempre com brincadeira associada, como correr, pedalar, ou atividades em grupo, sem a preocupação de aprender técnicas específicas.

VANTAGENS E BENEFíCIOS DE BOAS ATIVIDADES

Ao proporcionar a criança atividades que englobem todos os aspectos do seu desenvolvimento, só lhe trará vantagens e benefícios como:
  • As crianças se tornam mais saudáveis, com menos excesso de peso, maior densidade óssea, melhor capacidade cardiovascular, menor número de crises de asma. Esses efeitos são transferidos à vida adulta. As doenças crônicas do adulto têm suas raízes na infância.
  • Ainda no aspecto físico melhora a postura, favorece um crescimento normal e saudável, melhora a qualidade do sono, fortalece os músculos, estimula o desenvolvimento motor, a coordenação, o equilíbrio e o ritmo.
  • Exercícios estimulam além da questão motora, a socialização da criança e também a cooperação, quando praticado com outras crianças;
  • Crianças ativas tem menos probabilidade de se tornarem adultos sedentários;
  • Estimula a criança a vencer desafios;
  • A criança descarrega as tensões tanto físicas como psicológicas na atividade, sendo capaz de encarar o mundo com mais facilidade, mais energia e, consequentemente, mais felicidade;
  • Quando inseridos em algum esporte, a atenção tem que ser maior, estimulando a concentração. Além disso, a disciplina, respeito, coleguismo, seja com um companheiro de equipe ou com o adversário, tanto em esporte coletivo quanto individual, começam a fazer parte do seu dia a dia.

COORDENAÇÃO MOTORA É IMPRESCINDíVEL DOS 4 AOS 5 ANOS

A coordenação motora é o que permite que a pessoa seja capaz de dominar seu corpo no espaço em movimentos como andar e pular, controlar o corpo em atividades específicas como jogar futebol e mais finamente escrever, recortar, digitar.
E como dito anteriormente, é nessa fase que se treina a coordenação motora. Tanto a coordenação motora ampla que já vem se desenvolvendo quanto a coordenação motora fina.
Modelar massinhas, ligar os pontos e desenhar traços geométricos são atividades que auxiliam a evolução das habilidades motoras das crianças.
No momento em que a criança precisa ser alfabetizada, ela já deve ter o mínimo do domínio da coordenação motora fina. Assim conseguirá realizar tarefas simples, como segurar o lápis de maneira correta e fazer as curvas das letras.
Fonte: RHEMA Educação

ATIVIDADES DE COORDENAÇÃO MOTORA – 4 ANOS

1- Bola por cima, bola por baixo
Tem como objetivo trabalhar a coordenação motora, concentração e velocidade. Ótima brincadeira para crianças já com 4 anos de idade e pode ser usada tanto na aula de educação física quanto na sala (caso tenha espaço suficiente).
Materiais: Bolas
Execução: O professor deve colocar os alunos em duas colunas, em fila indiana. Podendo dividir em equipes ou meninos versus meninas. Ao primeiro sinal, que pode ser dado com um apito, o primeiro aluno de cada fileira deve passar a bola por cima da cabeça (com as duas mãos), até chegar ao último colega da fileira. Quando este pegar a bola, deverá correr até a frente da fileira e passar a bola por cima da cabeça, dando sequência a atividade.
Assim que todas as crianças completarem e o que iniciou a atividade voltar a ser o primeiro, o professor deve pedir que todas as crianças afastem as pernas e deem sequência a atividade, sendo que desta vez devem passar a bola por baixo, até que todos completem a tarefa.
Quando terminar esta sequência, a primeira criança deve passar a bola por cima da cabeça, e a segunda deve pegar a bola e passar por baixo das pernas, a terceira criança deve pegar a bola embaixo e passar por cima da cabeça, até que todos completem a tarefa.
2- Corrida do Saci
Tem como objetivo trabalhar a coordenação motora, o equilíbrio e velocidade.
Execução:
O professor deverá montar um ponto de partida e um de chegada. As crianças deverão ficar posicionadas em fila, cada uma segurará uma das pernas flexionadas para trás, na posição de saci.
Quando for dado o sinal, elas devem sair pulando até alcançarem a linha de chegada. Deverá ser eliminada a criança que colocar os dois pés no chão e ganhará ultrapassar a linha de chegada primeiro. Para não haver exclusão, a criança que colocar o pé no chão poderá pagar uma prenda ao invés de ser eliminada. 
3- Pega-pega
Execução: um aluno começa sendo o pegador. Os outros deverão fugir. No momento que o pegador encostar em alguém este passa a ser o pegador. Poderá variar também com pega-ajuda: ao passo que o pegador encosta em outro aluno este também passa a ser pegador.
Corrente: quando for pego o aluno deverá dar a mão ao pegador e ajudará a pegar e assim sucessivamente, sendo que somente o aluno da ponta com um braço livre pode pegar, vence quem ficar por último a ser pego.

ATIVIDADES DE COORDENAÇÃO MOTORA – 5 ANOS

1- Corda
Objetivo: Desenvolver a coordenação motora ampla, o esquema corporal, estimular a orientação espacial e temporal, ampliar o equilíbrio, a lateralidade e melhorar o tônus muscular.
Material: A atividade é desenvolvida com uma corda de quatro metros em média.
Execução: Pode ser utilizada no chão, em que a criança ande descalça sobre a corda, com os braços abertos, procurando manter o equilíbrio.
Aproveitando a mesma atividade só que agora a criança vai andar de costas sobre a corda. Ainda esticada no chão a criança pula com os dois pés juntos para esquerda e para direita consecutivamente.

A corda pode ser erguida dez centímetros do chão para a criança pular de um lado para o outro. A corda pode ser utilizada pela dupla como cabo-de-guerra, no meio do espaço utilizado deve ter uma marca no chão, para visualizar quem está vencendo o cabo-de-guerra. As crianças podem pular corda.
2- Esponjas
Objetivo: Desenvolver a coordenação motora fina, coordenação viso-motora, esquema corporal e melhorar o tônus muscular.
Material: bacia com água e várias esponjas coloridas, com texturas/dureza diferenciadas.
Execução: Colocar as esponjas na água e pedir para a criança retirar uma a uma apertando bem retirando toda água da esponja.
3- Sapos em Fila
Objetivo: coordenação, trabalho em grupo, atenção
Material: giz e apito
Execução: Trace duas linhas paralelas e distantes. Atrás de uma delas, os participantes são reunidos em dois grupos iguais (pode ser mais grupos com número igual de participantes).
Em fila, os alunos seguram firme na cintura de quem está na frente. Dado o sinal, os participantes avançam pulando com os dois pés ao mesmo tempo. Se a fila romper, o grupo volta a linha de largada. Vence a turma que alcançar a linha de chegada primeiro.
Fonte: RHEMA Educação