Todos nós sabemos
que a inclusão deve acontecer nas salas e aula,mas muitas não sabem
como fazer isso da melhor forma. Esta semana assisti a animação Cordas e
o que ficou bem claro para mim é que a inclusão está muito além de
livros e cursos, claro que conhecimento é sempre importante,mas o que
conta mesmo é a dedicação, o carinho e a vontade de fazer o melhor para o
outro!
Fui assistindo ao
vídeo e me recordando de um aluno que tive,com uma distrofia muscular
que o impedia de andar. Nestes 20 anos de profissão foi um dos que mais
marcou a minha vida como professora. Eu, recém formada, com uma turma
numerosa numa escola municipal, sem auxiliar ou qualquer outra pessoa
que me ajudasse, recebi um aluno que não andava( chegou a andar quando
pequeno e depois foi perdendo os movimentos das pernas), ele não tinha
cadeira de rodas, se locomovia em um velotrol. Estava apenas com 5 anos,
mas já tinha passado por muita coisa nessa vida, acabara de perder o
pai assassinado.
Ele era muito
inteligente, um pouco envergonhado,mas participava das aulas. Quando ele
queria ir ao banheiro, eu o levava no colo, e isso se repetia em todos
os momentos em que tínhamos que sair da sala. Eu o pegava no colo e saía
com as outras 29 crianças atrás de mim. Confesso que no início me
assustei, chorei com medo de não conseguir fazer um bom trabalho, de não
dar conta de cuidar dele e dos demais, naquela época não se falava de
inclusão e muito menos havia capacitação para isso, mas a resposta para
fazer um bom trabalho, não estava nos livros e nem em um faculdade,
estava dentro de mim, dentro do coração de todos que conviviam com
ele...E a cada dia que passava,nossa turma estava mais unida, meus
alunos cuidavam do amigo especial com muito carinho.
Certa vez, não
ouvi gritaria e bagunça na hora do recreio, fui ver o que estava
acontecendo e estavam todos sentados, conversando. Eu fui chegando perto
e ouvi de uma menina: "Tia, estamos aqui juntinho do Heberton,
conversando e brincando com ele, assim ele fica mais feliz!"
As crianças
queriam a sua companhia, queriam as suas brincadeiras e por isso
preferiam brincar sentadinhos já que era uma maneira dele participar
também!
E nos nossos
dias, muita coisa foi mudando, a aula de Educação Física era tão
divertida com todos sentados, brincando de acertar a bola no gol
utilizando as mãos, de jogar boliche, de cartas, e tudo que ele também
pudesse participar! E tinha pega pega também...eu o carregava no colo e
saía correndo atrás dos amigos! Ele dava risada...
Só sei que foi um
grande aprendizado para mim, aprendi com crianças de 5 anos que a
inclusão acontece quando todos querem, quando todos amam e estão
dispostos a fazer o outro feliz!
E a carinha
alegre dele não me sai da memória. Um ano depois perdemos nosso amigo,
seu coraçãozinho não aguentou e ele partiu, foi um dia muito triste para
toda a escola! Ele se foi muito cedo,mas deixou sua história marcada em
nossos corações!
Espero que com
essa reflexão, cada professor possa buscar dentro do seu coração os
melhores caminhos para que a inclusão de fato aconteça!
Professora Melissa
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