“Não se pode ensinar coisa alguma a alguém, pode-se apenas auxiliá-lo a descobrir por si mesma.”
(Galileu Galilei)
A
finalidade é enfatizar a importância dos educadores terem em mente os
objetivos e os fins da brincadeira desenvolvida, sua utilização lúdica,
cognitiva, sócio-cultural, e mais, precisam saber observar as condutas
dos educandos para então diagnosticar, avaliar e elaborar estratégias de
trabalho; identificando, desta forma, as dificuldades e os avanços dos
educandos. Este estudo está fundamentado em Lev Vygotsky e Jean Piaget,
pois, embora estes estudiosos tenham concepções diferentes de
desenvolvimento, cada qual em conformidade com a sua concepção trata da
importância do brinquedo no desenvolvimento infantil.
Fröebel
foi o primeiro educador que justificou o uso do brincar no processo
educativo. Ele tinha uma visão pedagógica do ato de brincar. O brincar,
pelo ato de brincar desenvolve os aspectos físico, moral e cognitivo,
entre outros, mas o estudioso defende, também, a necessidade da
orientação do adulto para que esse desenvolvimento ocorra. Como
metodologia, primeiramente, buscamos suporte teórico para, em seguida,
observar e aplicar algumas atividades lúdicas com a finalidade de
analisar na prática o desempenho dos educandos. Ressaltamos, ainda, que
na brincadeira as crianças aprendem a refletir e experimentam situações
novas ou mesmo do seu cotidiano, e a ação de brincar está ligada ao
preenchimento das necessidades da criança e nestas está incluso tudo
aquilo que é motivo para ação. É muito importante procurar entender as
necessidades da criança, bem como os incentivos que a colocam em ação
para, então, entendermos a lógica de seu desenvolvimento.
O
desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao
desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem
organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de
um tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse processo
através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de que se
pode desenhar não somente objetos, mas também a fala. Se quiséssemos
resumir todas essas demandas práticas e expressá-las de uma forma
unificada, poderíamos dizer o que se deve fazer é, ensinar às crianças a
linguagem escrita e não apenas a escrita de letras assim como Vygotsky
(1987), em sua psicologia de aprendizagem.
Os
benefícios e os estágios do lúdico para o desenvolvimento infantil, as
brincadeiras, para a criança, constituem atividades primárias que trazem
grandes benefícios do ponto de vista físico, intelectual e social. Como
benefício físico, o lúdico satisfaz as necessidades de crescimento e de
competitividade da criança. Os jogos lúdicos devem ser a base
fundamental dos exercícios físicos impostos às crianças pelo menos
durante o período escolar. Como benefício intelectual, o brinquedo
contribui para desinibir, produzindo uma excitação mental e altamente
fortificante. Illich (1976), afirma que os jogos podem ser a única
maneira de penetrar os sistemas informais. Suas palavras confirmam o que
muitas professoras de primeira série comprovam diariamente, ou seja, a
criança só se mostra por inteira através das brincadeiras. Como
benefício social, a criança, através do lúdico representa situações que
simbolizam uma realidade que ainda não pode alcançar; através dos jogos
simbólicos se explica o real e o eu.
A
brincadeira não é uma atividade inata, mas sim uma atividade social e
humana e que supõe contextos sociais, a partir dos quais as crianças
recriam a realidade através da utilização de sistemas simbólicos
próprios. É uma atividade social aprendida através das interações
humanas. É o adulto ou as crianças mais velhas que ensinam o bebê a
brincar, interagindo e atribuindo significado aos objetos e às ações,
introduzindo a criança no mundo da brincadeira, nessa perspectiva, os
educadores e auxiliares cumprem um papel fundamental nas instituições
quando interagem com as crianças através de ações lúdicas ou se
comunicam através de uma linguagem simbólica, estando disponíveis para
brincar.
Além
das interações, a oferta o uso e exploração dos brinquedos também
contribuem nessa aprendizagem da brincadeira, deve-se considerar o
brinquedo como um elemento da brincadeira, pois contribui para a
atribuição de significados. Tem um importante valor simbólico e
expressivo. O brinquedo é um importante abjeto cultural produzido pelos
adultos para as crianças e que ganha ou produz significados no processo
da brincadeira, pela imagem que a realidade representa e transmite.
A
brincadeira como atividade social específica é vivida pelas crianças
tendo por base um sistema de comunicação e interpretação do real, que
vai sendo negociado pelo grupo de crianças que estão brincando. Mesmo
sendo uma situação imaginária, a brincadeira não pode dissociar suas
regras da realidade. As unidades fundamentais da brincadeira, que
permite que ela aconteça, é o papel assumido pelas crianças. O papel
revela sua natureza social, bem como possibilita o desenvolvimento das
regras e da imaginação.
A
relação entre a imaginação e os papéis assumidos são muito importantes
para o ato de brincar, pois ao mesmo tempo em que a criança é livre na
sua imaginação, ela tem que obedecer às regras sociais do papel
assumido. A brincadeira é então, uma atividade sócio-cultural, pois ela
se origina nos valores e hábitos de um determinado grupo social, onde as
crianças têm a liberdade de escolher com o quê e como elas querem
brincar. Para brincar as crianças utilizam-se da imitação de situações
conhecidas, de processos imaginativos e da estruturação de regras. Por
exemplo, brincar de boneca representa uma situação que ainda vai viver
desenvolvendo um instinto natural. Como benefício didático, as
brincadeiras transformam conteúdos maçantes em atividades interessantes,
revelando certas facilidades através da aplicação do lúdico. Outra
questão importante é a disciplinar, quando há interesse pelo que está
sendo apresentado e faz com que automaticamente a disciplina aconteça.
Concluindo,
os benefícios didáticos do lúdico são procedimentos didáticos altamente
importantes; mais que um passatempo; é o meio indispensável para
promover a aprendizagem disciplinar, o trabalho do aluno e incutir-lhe
comportamentos básicos, necessários à formação de sua personalidade.
Estudar as relações entre as atividades lúdicas e o desenvolvimento
humano é uma tarefa complexa, e para facilitar o estudo classificou-se o
desenvolvimento em três fases distintas: aspectos psicomotores,
aspectos cognitivos e aspectos afetivo-sociais. Nos aspectos
psicomotores encontram-se várias habilidades musculares e motoras, de
manipulação de objetos, escrita e aspectos sensoriais. Os aspectos
cognitivos dependem, como os demais, de aprendizagem e maturação que
podem variar desde simples lembranças de aprendido até mesmo formular e
combinar idéias, propor soluções e delimitar problemas. Já os aspectos
afetivo-sociais incluem sentimentos e emoções, atitudes de aceitação e
rejeição de aproximação ou de afastamento.
O
fato é que esses três aspectos interdependem uns do outros, ou seja, a
criança necessita dos três para tornar-se um indivíduo completo. Ainda
com respeito às categorias psicomotoras, cognitivas e afetivas, assim
como a seriação dos brinquedos, deve-se levar em conta cinco pontos
básicos: integração entre o jogo e o jogador, deixando-o aberto para o
mundo para transformá-lo à sua maneira; o próprio corpo humano é o
primeiro jogo das crianças; nos jogo de imitação, a imagem ou modelo a
ser seguido é importante; os jogos de aquisição começam desde cedo e
para cada idade existem alguns mais apropriados; os jogos de fabricação
ajudam na criatividade, no sentimento de segurança e poder sobre o meio.
Quando toda a criança, indiscriminadamente, puder brincar em espaços
alternativos, com equipamentos diversificados, jogar com outras crianças
de várias faixas etárias, descobrir o novo, manipular e construir
brinquedos, desafiar seus limites, criar regras, ser intuitiva e
espontânea - transformando-se em bruxa, super homem, batman, rainha... -
estaremos atingindo o principal objetivo que é o de fazer com que ela
incorpore a sua essência e constitua-se num indivíduo mais plenos e
felizes, aptos a enfrentar os desafios da vida.
Por
meio destes conceitos apresentados, podemos concluir a eficácia da
utilização lúdica no sistema ensino/ aprendizagem, com a utilização de
jogos, brinquedos, piadas, músicas, poesias, paródias, e etc, como
seguidor do pensamento de Rubem Alves, devemos ensinar e aprender de
forma que tenhamos prazer.
Como
futuros educadores somos os condutores do processo, atuando na zona de
desenvolvimento proximal. Sua intervenção é direta, pois deve ajudar a
criança a avançar, os educandos acham muitas coisas, mas não podem ficar
no achismo, o professor sabe mais e deve sistematizar os conhecimentos,
nossa postura profissional deve estar inclinada ao processo lúdico de
ensino/ aprendizagem, acompanhando o próprio processo da corrente
escolanovista, nos posicionar de forma que sejamos facilitadores do
conhecimento, utilizando forma não-tradicionalista o ensino, como
exemplo em uma aula de matemática para o ensino infantil, utilizar
receitas de doces e preparar em sala de aula com os educandos, e o que
estes necessitam saber de matemática para realizar a tarefa, assim
introduzindo os valores e conceitos específicos da matéria. Enquanto o
uso de termos culinários como xícaras, copos, colheres, medidas de
equivalência quantitativa, transformaram em unidades de medidas, quilos
(kg), gramas (g), miligramas (mg), litro (l), mililitros (ml), e etc,
podendo ser depois da tarefa realizada, e saboreado o doce, proposto
trabalho em grupos.
O
sistema ludopedagógico pode ser utilizado em qualquer nível de
instrução, provocando um melhor aproveitamento do ensino oferecido, e,
as aulas tachadas de maçantes, como quem nunca bocejou na aula de
matemática, física, geografia entre outras que chateavam e chateiam
ainda? Estamos em pleno século XXI, e estamos em um ensino
tradicionalista, metódico, onde recebemos informações sistematizadas,
deixando o professor e o aluno muito distantes, o professor
tradicionalista, considerado chato, e na escola a única coisa boa é o
intervalo, a brincadeira, os joguinhos, as paródias, as piadas, como
mudar esse quadro, e diminuir o índice de reprovação e evasão escolar?
Seria possível aprender brincando? Pare e observe uma criança ou um
jovem em nível escolar, por que eles aprendem mais rápidos? Segundo
Froebel, as músicas e os jogos educativos, fora às paródias feitas pelas
crianças nos intervalos, estimulam o aprendizado, esse método é
conhecido como ludopedagogia, aonde o ensino vem carregado de
criatividade, dinâmicas, jogos e brinquedos para proporcionar emoção e
entusiasmo no aluno, sem uma pressão estressante e traumática,
aprendendo, de forma construtiva, enriquecendo o saber, ensinando a ter
criatividade e espontaneidade no mundo qual o rodeia e o cobra hora após
hora.
A
ludopedagogia nos oferece a magia de ensinar, aprender brincando,
diferente das aulas perturbadoras afastam o aluno do conhecimento, e,
como em muitos casos, o abandono escolar, por meio da ludopedagogia
podemos oferecer ao aluno uma proximidade da realidade qual esta
inserida, assim como realizado em experiências escolares quais receberam
premiações do Ministério da Educação, com o Prêmio Professor do Brasil,
demonstram o aumento na freqüência escolar, a diminuição da violência
dentro da escola, socialização e integração de todos os alunos no grupo,
a auto-estima elevada e o respeito com as diferenças, transformando o
aluno, o professor, a escola, a família e a sociedade. Oferecendo uma
oportunidade de deixar de copiar idéias, mas, ser criador delas.
Todos
devem aprender de forma que seja prazeroso, que não sejam reprimidos,
ou estancados no processo ensino/ aprendizagem, não precisamos encarar a
ludopedagogia como uma arte de brincar, limitados entre brincadeiras e
brinquedos, mas, em uma arte de ensinar, diferenciando do
tradicionalista das aulas expositivas, monótonas e improdutivas. O aluno
deve ser estimulado com a criatividade do educador assumindo sua
natureza de mediador do conhecimento, oferecendo pontes novas a seu
educando.
REFERÊNCIA:
JESUS, Cláudia Beatriz Souza de. Prêmio Professor do Brasil 2005, Prática leitora através do brinquedo, p. 86-89 in: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica Brasília, 2006.
KISHIMOTO, Tiziko Morchida et al. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learnirng, 2002.
Roberson Aparecido de Oliveira Carneiro
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