Em todos os tempos, para todos os povos, os brinquedos evocam as mais
sublimes lembranças. São objetos mágicos, que vão passando de geração a
geração, com um incrível poder de encantar crianças e adultos. (VELASCO,
1996)
Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação intima com a
criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um
sistema de regras que organizam sua utilização. (KISHIMOTO, 1994)
O brinquedo contém sempre uma referência ao tempo de infância do
adulto com representações vinculadas pela memória e imaginações. O
vocábulo “brinquedo” não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do
jogo, pois a criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica.
Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira.
O brinquedo é a oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a
criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades.
Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia,
proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da
concentração e da atenção.
O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o
impacto provocado pelo tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o
sentimento de impotência da criança. Brincando, sua inteligência e sua
sensibilidade estão sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que
estão sendo oferecidas à criança através de brincadeiras e de
brinquedos garante que suas potencialidades e sua afetividade se
harmonizem.
Para Vygotsky (OLIVEIRA, DIAS, ROAZZI, 2003), o prazer não pode
ser considerado a característica definidora do brinquedo, como muitos
pensam. O brinquedo na verdade, preenche necessidades, entendendo-as
como motivos que impelem a criança à ação. São elas exatamente que fazem
a criança avançar em seu desenvolvimento.
A brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância,
isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em
compromissos, planejamento e seriedade e que envolve comportamentos
espontâneos e geradores de prazer. Brincando a criança se diverte, faz
exercícios, constrói seu conhecimento e aprende a conviver com seus
amiguinhos.
A brincadeira transmitida à criança através de seus próprios
familiares, de forma expressiva, de uma geração a outra, ou pode ser
aprendida pela criança de forma espontânea (MALUF, 2003).
É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras de
jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação.
Dessa forma brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a
criança e não se confundem com o jogo (KISHMOTO, 1994).
Para a criança, a brincadeira gira em torno da espontaneidade e
da imaginação. Não depende de regras, de formas rigidamente
estruturadas. Para surgir basta uma bola, um espaço para correr ou um
risco no chão (VELASCO, 1996).
Segundo Vygotsky, a brincadeira possui três características: a
imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos
de brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de
faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras (BERTOLDO, RUSCHEL, 1991,
p. 99).
A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no
desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e
descoberta do mundo (MALUF, 2003).
O jogo pode ser visto como: resultado de um sistema linguístico
que funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras e um
objeto.
No primeiro caso, o sentido do jogo depende da linguagem de cada
contexto social. Enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o
sentido que cada sociedade lhe atribui. É este aspecto que nos mostra
porque, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações
distintas.
No segundo caso, um sistema de regras permite identificar, em
qualquer jogo, uma estrutura sequencial que especifica sua modalidade.
Tais estruturas sequenciais de regras permitem diferenciar cada jogo, ou
seja, quando alguém joga, esta executando as regras do jogo e, ao mesmo
tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica. O terceiro sentido refere-se
ao jogo enquanto objeto.
Os três aspectos citados permitem uma primeira compreensão do
jogo, diferenciando significados atribuídos por culturas diferentes,
pelas regras e objetos que o caracterizam.
Através do jogo a criança: libera e canaliza suas energias; tem o
poder de transformar uma realidade difícil; propicia condições de
liberação da fantasia; é uma grande fonte de prazer. O jogo é, por
excelência, integrador há sempre um caráter de novidade, o que é
fundamental para despertar o interesse da criança. À medida que joga ela
vai conhecendo melhor, construindo interiormente o seu mundo. Esta
atividade é um dos meios propícios à construção do conhecimento.
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