Volta às aulas: emoções para todos os lados!
Prepare-se!
Quando se trata apenas de “histórias dos outros”, você acha que é um
exagero esse sofrimento todo dos pais para deixar os filhos na escola e
continuar o dia, como se nada de mais estivesse acontecendo. Mas não é
bem assim. Pode até ser que seu filho se dê muito bem nas primeiras
despedidas. Mas você...
Uma mudança de cada vez
Tirar a fralda, trocá-lo de berço ou de quarto, uma viagem a dois, mudar
de casa. Este não é o momento mais oportuno para anunciar novidades
para seu filho. A adaptação escolar é um momento difícil para os
pequenos e outras trocas poderiam deixá-los inseguros.
Pergunte como foi o dia dele
O bate-papo diário com a criança é uma das maneiras de manter-se
antenado com o que acontece na escola. Tome cuidado para não ficar
ansioso demais por informações. Não é só ficar perguntando, é contar
para o filho como foi o seu dia, quem você encontrou. Ele vai querer
fazer o mesmo e falar sobre as coisas gostosas do dia a dia dele e os
problemas também. Converse com os professores pelo menos uma vez por
semana. Evite faltar às reuniões. Se isso acontecer, tente reagendar uma
data para ir à escola e ter acesso ao que você perdeu.
3 situações que não precisam ser difíceis
• Quando seu filho troca de escola: algumas instituições têm um projeto
especial para receber quem chega de outra escola. No colégio Albert
Sabin (SP), por exemplo, alguns veteranos são nomeados como tutores. No
primeiro dia do novo aluno, a professora apresenta-o à turma e convida
uma criança-tutora para acompanhá-lo pela escola até que se sinta mais
seguro.
• O contato com um novo professor: para cada mudança não ser um trauma, é
importante que a criança não tenha apenas um professor desde o primeiro
ano na escola, pois assim colhe várias referências e cria laços
afetivos com muitas pessoas. Na educação infantil, ela pode ter um
professor, aquele que a acompanha por mais tempo, e outros distintos,
como o de artes e o de esportes, por exemplo.
• Os amigos não estão mais na mesma sala (ou até foram para outra
escola): pode parecer cruel, mas, no período de adaptação, é bom
restringir o contato com estes colegas. Tudo para que seu filho esteja o
mais receptivo possível aos novos. Quando essa transição acabar, aí sim
a turma aumenta de novo e muitas novidades serão trocadas e
compartilhadas.
Compartilhe dos sentimentos das crianças
“A adaptação do Joaquim foi normal, muito natural. Ele começou a
frequentar a escola aos 2 anos. Durante um mês fizemos a adaptação,
acompanhando de perto o processo. Eu sabia quanto era importante para
ele e quanto ele iria gostar depois. Achava engraçado ver as mães que
saíam chorando porque o filho entrou direto, sem nem olhar para trás.
Era o que eu mais queria. Aconselho os pais a terem paciência e serem
parceiros dos seus filhos. É muito importante compartilhar dos
sentimentos deles neste momento. Dá tudo certo!”
Angélica, apresentadora, mãe de Joaquim, 3 anos, e Benício, 1
“A Valentina é filha única e será importante ela conhecer e brincar com
outras crianças, fazer amigos. Acho que ela não vai chorar quando entrar
na escola. Já fizemos alguns testes com nossos amigos, deixando ela lá
por um tempo, e foi tranquilo. Outra coisa boa que pode acontecer é ela
passar a comer melhor vendo os colegas fazerem o mesmo. ”
Adriana Ramos, 31 anos, modelo, e Valentina, 2
Para a adaptação não ser um sofrimento (para você)
CONFIANÇA Para
que seu filho se sinta bem na escola, você precisa confiar nela também.
Quando o seu jeito de pensar é parecido com o da escola, a adaptação da
criança tende a ser mais tranquila. Tente entender ao máximo o projeto
pedagógico adotado para acreditar que eles podem, sim, cuidar da
educação do seu filho.
TROCA Conhecer
outros pais que estão passando pelo mesmo momento e compartilhar as
angústias pode acalmá-lo. Pais que têm filhos mais velhos podem contar
como passaram por essa fase com sucesso.
DIÁLOGO Converse e esclareça todas as dúvidas com a escola. Entre em detalhes, não deixe nada para se preocupar depois, em casa.
CHORO É
comum e seu filho pode repetir a dose por vários dias. Por isso, a sua
companhia no início da adaptação é fundamental. Aos poucos, ele vai se
sentir seguro e entrar na escola sem dramas.
DESPEDIDA Você
vai, gradativamente, ficar menos tempo com seu filho durante as
primeiras semanas na escola. Não deixe que ele perceba o seu sofrimento.
PACIÊNCIA As
crianças têm ritmos diferentes, lembra-se? Na adaptação escolar é a
mesma toada: há algumas que levam dias e outras, meses. E você é quem
temde entender isso, não ela.
CULPA Seja
qual for a decisão que levou à matrícula, saiba que é comum demais os
pais se sentirem culpados. Trabalhar fora ou se esforçar para a criança
aumentar seu ciclo social não é um mal que você está fazendo a ela;
observe isso sempre.
Professor: vínculo e histórias
Ana Lúcia Figueira da Silva, coordenadora da educação infantil da Escola
Viva (SP), dá dicas de como construir um bom relacionamento com a
pessoa que vai ensinar e aprender com seu filho.
Como começar um relacionamento bom com o professor? Observar
o trabalho dele e a proposta pedagógica, conversar sobre a criança.
Precisa existir esse vínculo. Perguntar nunca é demais. Qualquer
professor vai gostar de um pai interessado.
O que fazer quando a criança reclama dele? Se
ela for nova na escola, tem que conversar com a instituição antes de
aceitar tudo que vem da criança para, juntos, fazerem uma leitura do que
está acontecendo. A criança pode colocar no professor um conflito que
está vivendo, como ficar longe dos pais durante o período das aulas.
E quando ela não gosta mesmo?É
muito difícil acontecer. É preciso falar com os pais para haver um
equilíbrio em casa. A criança não pode ouvir uma orientação só da
escola. Tem que haver muita conversa nos dois lugares.
Ele vai ler?
A ansiedade dos pais com o aprendizado das crianças, que é muito comum,
triplica na época da alfabetização. Calma: todas as crianças vão ler em
algum momento. Mas cada uma em um tempo só seu. A comparação e os
comentários na frente dos filhos deixam os menores ainda mais
apreensivos. A única coisa que não pode mesmo é eles ficarem
desmotivados para seguir e aprender.
Existe bullying, sim!
Mesmo os pequenos já se envolvem nesse mal-estar, que pode chegar a um
extremo de estragar a relação entre os alunos. Fique atento.
O QUE É: o
termo inglês se refere à provocação feita geralmente por um valentão,
que humilha os mais fracos física ou emocionalmente. Apelidos
constrangedores podem aparecer, assim como roubos do lanche da escola,
gozações e ameaças. É sempre intencional e repetitivo e, por isso, não é
para se exaltar a cada arranhão do filho. Deixar a criança de lado, sem
chamar para brincar, ou impedir que ela se enturme são formas de
bullying também.
O QUE FAZER: a
escola deve ser acionada para, em parceria com você, levantar a
autoestima da criança. É dela também a tarefa de cuidar do agressor. Por
isso, se seu filho estiver nesse papel, peça ajuda. Importante: a
criança que observa e não faz nada também está envolvida nesse tipo de
violência. Há também aí uma oportunidade de aprendizado.
Choro na porta da escola
“Não tive dúvidas quanto à escola e com relação à idade dele quando o
coloquei. Mas o que não imaginava que poderia acontecer mesmo é que,
enquanto eu estava na escola, ficava tudo bem, mas quando ele percebia
que eu ia embora – e que ficaria sozinho – era um desastre! E teve algo
mais em relação aos primeiros meses. Durante um tempo, ele se apegou
muito à babá, principalmente quando eu chegava do trabalho. O Leo adora
ficar em casa e, por muito tempo, fiquei mais como a ‘bruxa’ que o
deixava na escola e a babá, o porto seguro em casa... Uma das coisas que
fizemos é que agora o pai o leva mais do que eu: a orientadora da
escola diz que existe mesmo o ‘choro-corta-coração-de-mãe’, que passa em
10 segundos! Ele faz até hoje comigo e todas as mães precisam saber que
isso passa rápido.”
Débora Negrão, 36 anos, é dentista e mãe de Leonardo, 2 anos e 6 meses, na escola desde 2
6 maneiras de se sair bem na reunião de pais
1 Chegar no horário é o primeiro passo. Ninguém vai gostar se você perguntar coisas que já foram respondidas.
2 Deixe o professor finalizar a apresentação para depois questionar.
3 A
reunião tem objetivos claros. Eles vão falar de um grupo, refletir
sobre as características daquela faixa etária, contar sobre o trabalho
pedagógico desenvolvido e seus resultados. Questões rotineiras podem ser
resolvidas no dia a dia.
4 Não faça cara feia nem pense em voz alta sobre as perguntas dos outros.
5 Se
tiver perguntas específicas sobre seu filho, aguarde a reunião acabar e
espere para conversar – em particular – com o professor ou o
coordenador pedagógico.
6 Não leve seu filho se a escola não estiver programada para isso.
O evento da escola não terá vocês
Festas de final de ano, feiras de arte, cultura, ciências: se não
puderem comparecer, avise sempre a escola com algum tempo de
antecedência. Assim, é possível combinar com você um outro dia para o
evento, caso seja impossível aparecer. O ideal é que se faça de tudo
para não faltar. Quem sabe uma avó ou uma tia bem próxima pode
acompanhar a criança? Se não der certo isso, é melhor não a deixar ir.
Atividades escolares como essas perdem completamente o sentido para a
criança se ninguém da família aparecer e ainda podem causar uma
lembrança ruim. Se você não consegue ter mais flexibilidade no emprego,
tente colocar o assunto em pauta nas próximas reuniões da escola.
Fonte: Revista Crescer
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