Algumas crianças que caminham na ponta dos pés podem sofrer de um
problema que atinge meninos e meninas nos primeiros anos de vida.
Especialistas tiram dúvidas sobre o assunto.
No entanto, essa “mania” de andar na ponta dos pés deixa de ser normal em determinado estágio do desenvolvimento da criança e os responsáveis devem ficar atentos.
A revista NA MOCHILA tirou dúvidas com médicos ortopedistas sobre a marcha equina, como o problema é conhecido cientificamente.
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
O acompanhamento regular por um pediatra é essencial para as crianças. Os pais mais preocupados costumam levar os filhos ao médico a qualquer sintoma diferente. Mas não são apenas sintomas como tosse e febre que devem ser vistos com atenção. Algumas características físicas e comportamentais podem ser um alerta de disfunções, e o acompanhamento médico adequado faz a diferença no futuro.
A marcha na ponta dos pés é um dos problemas que pode ser identificado fisicamente, ou seja, papais e mamães percebem que algo está errado ao olhar com cuidado para o jeitinho de andar do filho.
Após a percepção dos responsáveis, o diagnóstico é dado pelo ortopedista, que acompanhará o desenvolvimento da criança de perto, indicando os melhores tratamentos como fisioterapia e até mesmo cirurgia.
O ortopedista Luiz Alberto Nakao Iha ressalta que esta é uma alteração comum em crianças de 1 a 4 anos, quando elas estão começando a andar e estão desenvolvendo a coordenação motora necessária. Se passar disso, então é preciso procurar um especialista para avaliar se é apenas uma mania da criança andar ou se é um caso mais grave, como encurtamento do tendão.
CAUSAS
As causas da marcha equina nem sempre são possíveis de identificação mesmo que haja acompanhamento médico, principalmente se o problema desaparece após 4 anos de idade. Neste caso, o problema é tratado como idiopático, ou seja, sem explicação. Esse é o tipo mais comum e muitas vezes não é necessário tratamento.
Ortopedistas explicam que a marcha equina tem como causa principal uma alteração postural da criança. “Apesar de ser comum, não apresenta grande repercussão a médio ou longo prazo, já que na maior parte das vezes essa alteração desaparece com o crescimento”, conta Luiz Alberto.
No entanto, problemas neurológicos, psicológicos e má formação muscular podem provocar a marcha. O histórico da criança com a análise das condições de nascimento também auxilia na identificação de possíveis causas, tais como: prematuridade, dificuldade respiratória e permanência em UTI neonatal.
Exames físicos que definem força nos membros inferiores também podem levar ao diagnóstico da marcha equina oriunda de fraqueza muscular.
TRATAMENTO
Em casos em que a marcha equina não desaparece com o desenvolvimento, o tratamento é necessário. “Podemos indicar fisioterapia para alongar o tendão do calcâneo (antigo tendão de Aquiles ) ou a correção cirúrgica com seu alongamento”, explica o ortopedista Maurício Mod.
OUTRAS DÚVIDAS
- O problema pode ter fundo psicológico?Alterações psicológicas nessa fase são de difícil avaliação. Quando esse tipo de marcha aparece em outras fases da vida da criança, essa hipótese deve ser investigada.
- O problema pode ser hereditário?
Geralmente não se trata de um problema hereditário, uma vez que a causa é postura do próprio desenvolvimento, mas sempre deve ser avaliado por um médico ortopedista.
- O que pode acontecer se o problema não for tratado? Nos casos em que existe uma alteração no corpo da criança, como um encurtamento muscular ou alterações articulares, a falta de tratamento pode levar a uma dificuldade para andar na fase adulta, seja por problemas articulares, dores musculares ou mesmo encurtamentos não redutíveis.
Por Karla Torralba (Revista NA MOCHILA)
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