Autora:
Flávia Sayegh
RESUMO
As diferenças entre Piaget e Vygotsky parecem ser muitas, mas eles partilham de pontos de vista semelhantes. Ambos entenderam o conhecimento como adaptação e como construção individual e concordaram que a aprendizagem e o desenvolvimento são auto-regulados. Discordaram quanto ao processo de construção, ambos viram o desenvolvimento e aprendizagem da criança como participativa, não ocorrendo de maneira automática. Estavam preocupados com o desenvolvimento intelectual, porém cada um começou e perseguiu por diferentes questões e problemas. Enquanto Piaget estava interessado em como o conhecimento é construído, e com isso, a teoria é um acontecimento da invenção ou construção que ocorre na mente do indivíduo, Vygotsky estava interessado na questão de como os fatores sociais e culturais influenciam o desenvolvimento intelectual.
1. INTRODUÇÃO
Piaget escreveu sobre a interação entre indivíduo e meio constituída através de dois processos: organização interna das experiências e adaptação ao meio. Piaget não deu ênfase aos valores sociais e culturais no desenvolvimento da inteligência, pressupostos escritos por Vygotsky
As diferenças entre Piaget e Vygotsky parecem ser muitas, mas eles partilham de pontos de vista semelhantes. Ambos entenderam o conhecimento como adaptação e como construção individual e concordaram que a aprendizagem e o desenvolvimento são auto-regulados. Discordaram quanto ao processo de construção, ambos viram o desenvolvimento e aprendizagem da criança como participativa, não ocorrendo de maneira automática. Estavam preocupados com o desenvolvimento intelectual, porém cada um começou e perseguiu por diferentes questões e problemas. Enquanto Piaget estava interessado em como o conhecimento é construído, e com isso, a teoria é um acontecimento da invenção ou construção que ocorre na mente do indivíduo, Vygotsky estava interessado na questão de como os fatores sociais e culturais influenciam o desenvolvimento intelectual.
1. INTRODUÇÃO
Piaget escreveu sobre a interação entre indivíduo e meio constituída através de dois processos: organização interna das experiências e adaptação ao meio. Piaget não deu ênfase aos valores sociais e culturais no desenvolvimento da inteligência, pressupostos escritos por Vygotsky
Lev Semenovich Vygotsky estudou sistematicamente a psicologia e seu
projeto principal foi os processos de transformação
do desenvolvimento na dimensão filogenética, histórico
social e ontogenético.
As diferenças entre os dois autores parecem ser muitas, mas
eles partilham de pontos de vista semelhantes. Ambos entenderam o
conhecimento como adaptação e como construção
individual e compreenderam a aprendizagem e o desenvolvimento como
auto-regulados. Discordaram quanto ao processo de construção
desse conhecimento, ambos viram o desenvolvimento e a aprendizagem
da criança como participativa, não ocorrendo de maneira
automática.
A criança transforma aquilo que aprende de acordo com sua capacidade
interna e nata, tornando-se transformadora da aprendizagem, criadora,
se essa capacidade de aprendizagem e oportunidade lhe for oferecida.
Vygotsky e Piaget estavam preocupados com o desenvolvimento intelectual,
porém cada um começou e perseguiu por diferentes questões
e problemas. Piaget estava interessado em como o conhecimento é
adquirido ou construído, onde a teoria é um acontecimento
da invenção ou construção que ocorre na
mente do indivíduo, Vygotsky estava preocupado com a questão
de como os fatores sociais e culturais influenciam o desenvolvimento
intelectual. A teoria de Vygotsky é uma teoria de transmissão
do conhecimento da cultura para a criança, os indivíduos
interagem com agentes sociais mais lecionados, como professores e
colegas. As crianças constroem e internalizam o conhecimento
que esses seres instruídos possuem. Enquanto que Piaget, não
acreditava que a transmissão direta desse tipo fosse viável.
Para ele as crianças adquirem uma forma própria de se
desenvolver no social, mediante a construção pessoal
desse conhecimento. Piaget aprovou a construção individual
como singular e diferente, embora comumente ligada e próxima
daquela da cultura, com isso a criança tem a chance de errar
e construir. Vai ocorrendo períodos de desequilibração
para uma nova sustentação de bases. Sabemos que muitos
indivíduos estão estacionados em algumas etapas de desenvolvimento
e isso é refletido no dia-a dia, com um jeito particular de
pensar.
Em relação à aprendizagem e desenvolvimento,
assunto deste estudo, tanto Vygotsky como Piaget, acreditavam no desenvolvimento
e aprendizagem, embora, seus pontos de vista sobre o relacionamento
sejam diferentes. Vygotsky tinha a idéia de que a aprendizagem
é a força propulsora do desenvolvimento intelectual,
enquanto que para Piaget o próprio desenvolvimento é
a força propulsora.. Piaget tinha a concepção
de que o nível de desenvolvimento colocava limites sobre o
que podia ser aprendido e sobre o nível da compreensão
possível daquela aprendizagem, onde cada pessoa tem um ritmo,
não podendo ir além daquele estádio adquirido.
Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento potencial e zona de desenvolvimento
proximal. A zona de desenvolvimento potencial é o nível
de desenvolvimento em que os estudantes são capazes de solucionar
problemas de forma independente, enquanto que a zona de desenvolvimento
proximal é o nível em que os estudantes podem resolver
problemas com “apoio”(Lester 1994, p.4), ou seja, com
a modelação do conhecimento e a interação
social, os estudantes podem aprender coisas que não aprendiam
sozinhos. Piaget coloca que a nova construção é
sempre realizada sobre uma construção anterior e que,
com a desiquilibração, é sempre possível
o avanço das construções anteriores. Os fatores
sociais, para Vygotsky desempenham um papel fundamental no desenvolvimento
intelectual. A cultura estabelece um conhecimento que é internalizado
e construído pelas crianças. As crianças por
sua vez vão tornando-se indivíduos com funções
e habilidades intelectuais. Piaget, por sua vez, reconheceu infinitamente
o papel dos fatores sociais no desenvolvimento intelectual. As interações
sociais foram consideradas como uma fonte do conflito cognitivo, portanto,
de desequilibração e, conseqüentemente, de desenvolvimento.
Ou seja, também desta forma, são consideradas para a
construção do conhecimento social.
2.
O papel da linguagem no desenvolvimento intelectual para Vygotsky
e Piaget
A diferença mais nítida entre os dois teóricos, é referente ao papel da linguagem no desenvolvimento intelectual. Vygotsky trata a aquisição da linguagem do meio social como o resultado entre raciocínio e pensamento em nível intelectual. Piaget considerou a linguagem falada como manifestação da função simbólica, quando o indivíduo emprega a capacidade de empregar símbolos para representar, o que reflete o desenvolvimento intelectual, mas não o produz (Fowler 1994). Piaget considerou a linguagem como facilitadora, mas não como necessária ao desenvolvimento intelectual. Para Piaget, a linguagem reflete, mas não produz inteligência. A única maneira de avançar a um nível intelectual mais elevado não é na linguagem com suas representações, e sim, através da ação. (Fowler 1994, p.8).
A diferença mais nítida entre os dois teóricos, é referente ao papel da linguagem no desenvolvimento intelectual. Vygotsky trata a aquisição da linguagem do meio social como o resultado entre raciocínio e pensamento em nível intelectual. Piaget considerou a linguagem falada como manifestação da função simbólica, quando o indivíduo emprega a capacidade de empregar símbolos para representar, o que reflete o desenvolvimento intelectual, mas não o produz (Fowler 1994). Piaget considerou a linguagem como facilitadora, mas não como necessária ao desenvolvimento intelectual. Para Piaget, a linguagem reflete, mas não produz inteligência. A única maneira de avançar a um nível intelectual mais elevado não é na linguagem com suas representações, e sim, através da ação. (Fowler 1994, p.8).
Vygotsky (1987) faz uma diferenciação entre processos
psicológicos, superiores rudimentares e processos psicológicos
avançados. Nos primeiros, ele colocaria a linguagem oral, como
processo psicológico superior adquirido na vida social mais
extensa e por toda a espécie, e sendo produzido pela internalização
de atividades sociais, através da fala. A interação
e a linguagem têm um importante destaque no pensamento de Vygotsky,
uma vez que irão contribuir no desenvolvimento dos processos
psicológicos, através da ação. Vygotsky
substituiu os instrumentos de trabalho por instrumentos psicológicos,
explicando desta forma, a evolução dos processos naturais
até alcançar os processos mentais superiores, por isso,
a linguagem, instrumento de imenso poder, assegura que significados
lingüisticamente criados sejam significados sociais e compartilhados.
Vygotsky atribui importância a linguagem, pois além da
função comunicativa, ela é essencial no processo
de transição do interpessoal em intramental; na formação
do pensamento e da consciência; na organização
e planejamento da ação; na regulação do
comportamento e, em todas as demais funções psíquicas
superiores do sujeito, como vontade, memória e atenção.
3.
As implicações do desenvolvimento para Piaget e Vygotsky
Tomando o ponto de vista educacional, as duas teorias divertem. Embora Vygotsky e Piaget considerassem o conhecimento como uma construção individual, para Vygotsky toda construção era mediada pelos fatores externos sociais. Isto é, o professor e o programa institucional devem modelar ou explicar o conhecimento. Dessa forma, a criança constrói o seu próprio conhecimento interno a partir do que é oferecido. A criança não inventa, mas rememora, copia o que está socialmente exposto e a disposição. A sociedade atribui a isto, um processo de transmissão de cultura, e com isso o facilitador ou professor é o instrutor da criança. Assim, o trabalho do agente é, entre outras coisas, modelar cuidadosamente o conhecimento.
Tomando o ponto de vista educacional, as duas teorias divertem. Embora Vygotsky e Piaget considerassem o conhecimento como uma construção individual, para Vygotsky toda construção era mediada pelos fatores externos sociais. Isto é, o professor e o programa institucional devem modelar ou explicar o conhecimento. Dessa forma, a criança constrói o seu próprio conhecimento interno a partir do que é oferecido. A criança não inventa, mas rememora, copia o que está socialmente exposto e a disposição. A sociedade atribui a isto, um processo de transmissão de cultura, e com isso o facilitador ou professor é o instrutor da criança. Assim, o trabalho do agente é, entre outras coisas, modelar cuidadosamente o conhecimento.
Piaget considerou a construção do conhecimento como
um ato individual da criança. Os fatores sociais influenciam
a desequilibração individual através do conflito
cognitivo e apontam que há construção a ser feita.
A verdadeira construção do conhecimento não é
medida, no sentido vygotskiano, pelo fator social e ambiente; ele
não é copiado de um referencial e modelo. O conhecimento
anterior é reconstruído diante da desiquilibração
socialmente provocada e estimulada. O papel do professor é
visto basicamente como o de encorajar, estimular e apoiar a exploração,
a construção e invenção.
“É óbvio que o professor enquanto organizador
permanece indispensável no sentido de criar as situações
e de arquitetar os projetos iniciais que introduzam os problemas significativos
à criança. Em segundo lugar, ele é necessário
para proporcionar contra-exemplos que forcem a reflexão e a
reconsideração das soluções rápidas.
O que é desejado é que o professor deixe de ser um expositor
satisfeito em transmitir soluções prontas; o seu papel
deveria ser aquele de um mentor, estimulando a iniciativa e a pesquisa”.
Piaget. (1973. p16).
Nas
obras de Piaget, a criança pode utilizar as fontes e formas
de informação no processo de construção.
A criança pode ativamente ouvir uma exposição
ou ler um livro e empregar a informação recebida na
construção. O processo não é o de recriar
um modelo, mas o de inventá-lo.
4.
A interação social no desenvolvimento e aprendizagem
escolar para Piaget e Vygotsky
Para Vygotsky (1998), a aprendizagem não começa na escola, que toda situação de aprendizagem escolar se depara sempre com uma história de aprendizagem prévia. Vygotsky retoma o tema da zona de desenvolvimento proximal e sua relação com a aprendizagem.
Para Vygotsky (1998), a aprendizagem não começa na escola, que toda situação de aprendizagem escolar se depara sempre com uma história de aprendizagem prévia. Vygotsky retoma o tema da zona de desenvolvimento proximal e sua relação com a aprendizagem.
Tanto para Piaget como para Vygotsky, o ambiente da sala de aula requer
interação social, embora por circunstâncias distintas.
Para Vygotsky, o ambiente social é a fonte de modelos dos quais
as construções devem se aproximar. É a fonte
do conhecimento socialmente construído que serve de modelo
e media as construções do indivíduo. A aprendizagem,
e o desenvolvimento são adquiridos por modelos e, claro, pela
motivação da criança. Para Piaget, a interação
com os colegas e adultos.
Vygotsky coloca que no cotidiano das crianças, elas observam
o que os outros dizem, porque dizem, o que falam, porque falam, internalizando
tudo o que é observado e se apropriando do que viu e ouviu.
Recriam e conservam o que se passa ao redor. Em função
desta constatação, Vygotky afirma que a aprendizagem
da criança se dá pelas interações com
outras crianças de seu ambiente, que determina o que por ela
é internalizado. A criança vai adquirindo estruturas
lingüísticas e cognitivas, mediado pelo grupo.
5.
O desenvolvimento cognitivo para Vygotsky e Piaget
Segundo Piaget (1987), a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se do interior para o exterior, ocorrendo em função da maturidade da pessoa. O autor considera que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo, porém sua ênfase recai no papel do ambiente para o desenvolvimento biológico, ressaltando a maturidade do desenvolvimento.
Segundo Piaget (1987), a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se do interior para o exterior, ocorrendo em função da maturidade da pessoa. O autor considera que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo, porém sua ênfase recai no papel do ambiente para o desenvolvimento biológico, ressaltando a maturidade do desenvolvimento.
A abordagem de Vygotsky se contrapõe a de Piaget, o desenvolvimento
é de fora para dentro, através da internalização.
Vygotsky afirma que o conhecimento se dá dentro de um contexto,
afirmando serem as influências sociais mais importantes que
o contexto biológico.
Resumindo, para a teoria vygotskiana, o desenvolvimento ocorre em
função da aprendizagem, ao contrário do pensamento
de Piaget que assegura ser a aprendizagem uma conseqüência
do desenvolvimento. Ex: interação e troca com outras
crianças e do adulto como modelo.
O desenvolvimento cognitivo para Piaget, é o de equilibração,
existiria uma interação entre o indivíduo e o
meio, ligados com outros fatores como experiências, genética,
maturação biológica, formando os esquemas, a
assimilação, a acomodação, a adaptação
e a assimilação.
Parte
II- Relação desenvolvimento e aprendizagem para Piaget
e Vygostky
1.
Desenvolvimento proximal e desenvolvimento real para Vygotsky
Para Vygotsky (1987), a zona de desenvolvimento proximal representa o espaço entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, aquele momento, onde a criança era apta a resolver um problema sozinha, e o nível de desenvolvimento potencial, a criança o fazia com colaboração de um adulto ou um companheiro. A referência da zona de desenvolvimento proximal implica na compreensão de outras idéias que completa a idéia central, tais como:
Para Vygotsky (1987), a zona de desenvolvimento proximal representa o espaço entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, aquele momento, onde a criança era apta a resolver um problema sozinha, e o nível de desenvolvimento potencial, a criança o fazia com colaboração de um adulto ou um companheiro. A referência da zona de desenvolvimento proximal implica na compreensão de outras idéias que completa a idéia central, tais como:
a)O que a criança consegue hoje com a colaboração
de uma pessoa mais especializada, mais tarde poderá realizar
sozinha.
b)A criança consegue autonomia na resolução do problema, através da assistência e auxílio do adulto, ou por outra criança mais velha, formando desta forma uma construção dinâmica entre aprendizagem e desenvolvimento.
c)Segundo Vygotsky (1987), a aprendizagem acelera processos superiores internos que são capazes de atuar quando a criança encontra interagida com o meio ambiente e com outras pessoas. O autor ressalta a importância de que esses processos sejam internalizados pela criança.
b)A criança consegue autonomia na resolução do problema, através da assistência e auxílio do adulto, ou por outra criança mais velha, formando desta forma uma construção dinâmica entre aprendizagem e desenvolvimento.
c)Segundo Vygotsky (1987), a aprendizagem acelera processos superiores internos que são capazes de atuar quando a criança encontra interagida com o meio ambiente e com outras pessoas. O autor ressalta a importância de que esses processos sejam internalizados pela criança.
Vygotsky
colocou que “as funções mentais superiores são
produto do desenvolvimento sócio-histórico da espécie,
sendo que a linguagem funciona como mediador”. Lima (1990),
por isso que a sua teoria ficou conhecida como sócio-interacionista.
Não se pode ignorar o papel desempenhado pelas crianças
ao se relacionarem e interagirem com outras pessoas, que sejam professores,
pais e outras crianças mais velhas e mais experientes. A mediação
é a forma de conceber o percurso transcorrido pela pessoa no
seu processo de aprender. Quando o professor, se utilizando a mediação,
consegue chegar a zona de desenvolvimento proximal, através
dos “porquês” e dos “como”, ele pode
atingir maneiras através das quais a instrução
será mais útil para a criança. Desta forma, o
professor terá condições de não só
utilizar meios concretos, visuais e reais, mas, com maior propriedade,
fazer uso de recursos que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando
à criança a superar suas capacidades.
2.
Desenvolvimento e aprendizagem para Piaget
Ao elaborar a teoria psicogenética, Piaget procurou mostrar quais as mudanças qualitativas por quais passa a criança, desde o estágio inicial de uma inteligência prática (período sensório-motor), até o pensamento formal, lógico-dedutivo, a partir da adolescência. A adaptação do sujeito vai ocorrendo, de maneira que é necessário investigar. Para que esta adaptação se torne abrangente, é necessário investigar como esses conhecimentos são adquiridos. Este questionamento é o interesse principal da epistemologia genética. Dolle (1993).
Ao elaborar a teoria psicogenética, Piaget procurou mostrar quais as mudanças qualitativas por quais passa a criança, desde o estágio inicial de uma inteligência prática (período sensório-motor), até o pensamento formal, lógico-dedutivo, a partir da adolescência. A adaptação do sujeito vai ocorrendo, de maneira que é necessário investigar. Para que esta adaptação se torne abrangente, é necessário investigar como esses conhecimentos são adquiridos. Este questionamento é o interesse principal da epistemologia genética. Dolle (1993).
Segundo Piaget, o conhecimento não pode ser aceito como algo
predeterminado desde o nascimento ou de acordo com a teoria inatista,
nem resultado do simples registro de percepções e informações
como comenta o impirismo. Resulta das ações e interações
do sujeito com o ambiente onde vive. Todo o conhecimento é
uma construção que vai sendo elaborada desde a infância,
através da interação sujeito com os objetos que
procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou cultural.
Os objetos do conhecimento têm propriedades e particularidades
que nem sempre são assimiladas pela pessoa. Por isso, uma criança
que já construiu o esquema de sugar, com maior facilidade utiliza
a mamadeira, mas terá que modificar o esquema para chupeta,
comer com colher, etc. Também será mais fácil
para essa criança, ela já tem esquemas assimilados.
A este processo de ampliação ou modificação
de um esquema de assimilação. Piaget chamou de acomodação,
embora seja estimulado pelo objeto, é também possível
graças à atividade do sujeito, pois é este que
se transforma para a elaboração de novos conhecimentos.
Com sucessivas aproximações, construindo acomodações
e assimilações, completa-se o processo a que Piaget
chamou de adaptação. A cada adaptação
constituída e realizada, o esquema assimilador se torna solidificado
e disponível para que a pessoa realize novas acomodações.
O que promove este movimento é o processo de equilibração,
conceito central na teoria construtivista.
Diante de um estímulo, o indivíduo pode olhar como desafio,
uma suposta falta no conhecimento, faz com que a pessoa se “desequilibra”
intelectualmente, fica curioso, instigado, motivado e, através
de assimilações e acomodações, procura
restabelecer o equilíbrio que é sempre dinâmico,
pois é alcançado por meio de ações físicas
e também mentais.
O pensamento vai se tornando cada vez mais complexo e abrangente,
interagindo com objetos do conhecimento cada vez mais diferentes e
abstratos.
A educação é um processo necessário, é
importante considerar o principal objetivo da educação
que é autonomia, tanto intelectual como moral.
A criança vai usando o sistema, pela sua própria estrutura
mental, que Piaget destaca, a lógica, a moral, a linguagem
e a compreensão de regras sociais que não são
inatas, que não são impostas de dentro para fora e sim
construídas pelo sujeito ao longo do desenvolvimento, através
de estágios diferentes um do outro.
A afetividade está correlacionada a esta inteligência
e desempenha papel de uma fonte energética da qual dependeria
o funcionamento da inteligência. ”A afetividade pode ser
a causa de acelerações ou retardos no desenvolvimento
intelectual e que ela própria não engendra estruturas
cognitivas, nem modifica as estruturas do funcionamento nas quais
intervém” Dolle (1993),
Discussão
Tanto Piaget como Vygotsky estavam preocupados com a questão do desenvolvimento e cada um buscou formas diferentes e complementares para elaboração das estruturas mentais e formação de esquemas.
Tanto Piaget como Vygotsky estavam preocupados com a questão do desenvolvimento e cada um buscou formas diferentes e complementares para elaboração das estruturas mentais e formação de esquemas.
Para Piaget o conhecimento é construído, como forma
de constituição individual, enquanto que Vygotsky comentou
os fatores sociais, históricos e culturais influenciáveis
no desenvolvimento.
A teoria de Vygotsky trata o indivíduo como um agente e o meio,
é externo, com isso, os indivíduos interagem com o social,
com colegas e mediadores. Através disso, as crianças
internalizam e constroem o conhecimento, sob influência desse
meio e como são passados os conhecimentos.
Piaget não desconsiderava que o conhecimento é influenciado
pelo externo, como muitos pensam, apenas acreditava que a criança
adquire esses modelos externos, através da cultura, história
e modelo social, mas ao mesmo tempo tem uma influência constitucional
única que a ajuda ou dificulta a construir seu conhecimento.
Para Piaget a construção do conhecimento individual
é única, a criança tem chance de errar e construir,
para haver desequilíbrio necessário para novas aquisições.
O facilitador deve investigar, reforçando, para que não
ocorram falhas no processo de conhecimento e também pra que
não ocorra desgaste demasiado, sem medição. Quando
a criança estiver “congelada” no desenvolvimento,
cabe ao facilitador, mostrar o caminho para a aprendizagem. Muitas
vezes, a criança sozinha “não dá conta”
de suas próprias experimentações.
Para Vygotsky, a aprendizagem é a força propulsora do
desenvolvimento intelectual, enquanto que para Piaget, o próprio
desenvolvimento é a força propulsora.
As duas concepções sobre aprendizagem devem ser complementares,
não adianta acreditar unicamente na constituição
do próprio sujeito, e nem contar com meios externos. Deve haver
senso de percepção para perceber o que a criança
necessita no momento, a utilização inerente de construção
ou uma espera do meio, por isso a utilização dos dois
processos deve ser considerada.
Para Piaget o nível de desenvolvimento colocava limites sobre
o que podia ser aprendido e sobre o nível de compreensão
possível daquela aprendizagem, não podendo, a pessoa
ir além do seu ritmo. Não adiantaria irem além
do ritmo da criança, de maneira tradicional ou simplista. O
que resultaria num bloqueio na aprendizagem. Se a criança não
consegue ir além do que lhe é permitido mentalmente,
cabe observar e usar técnicas para que esse desenvolvimento
ocorra, com ajuda externa, e colocações de questões
para a própria criança perceber onde está, dentro
do que lhe é cobrado, exigido. Seria uma troca de meios para
que esse desenvolvimento ocorra, fatores internos e externos intercalando-se.
Porém, dependendo do nível intelectual da constituição
mental, pode não haver um potencial para as novas acomodações.
Vygotsky chamou de zona de desenvolvimento potencial e zona de desenvolvimento
proximal, uma forma seria sem apoio na resolução de
problemas e a outra forma, é a forma em que os indivíduos
podem resolver os problemas com apoio, ou seja, com a modelação
de conhecimento e a interação do meio social, os indivíduos
podem adquirir conhecimentos que antes não podiam. A desequilibração
é sempre possível para as construções
anteriores. É necessário errar, para ocorrer o conhecimento.
Não são somente as desequilibrações anteriores
que podem ser desenvolvidas, mas as “superiores”, se existe
a pessoa que oferece orientação para o indivíduo,
ele acaba por superar, para poder ir aonde quer chegar. Na medida
em que o indivíduo recebe uma orientação, ele
começa a formular hipóteses, antes desconhecidas por
ele mesmo.
Os fatores sociais para Vygotsky desempenham um papel fundamental
no desenvolvimento intelectual. A cultura estabelece um conhecimento
que é internalizado e construído pelas crianças.
Piaget reconheceu os fatores sociais no desenvolvimento intelectual
que provoca desiquilibração e construção
desse conhecimento.
É necessário um modelo para orientar e fazer a criança
pensar sobre como está para desenvolver-se. Nas trocas de valores
entre o meio, o indivíduo vai aprendendo a pensar por si mesmo.
Enquanto no referencial construtivista o conhecimento se dá
a partir da ação do sujeito sobre a realidade, onde
o ser é visto como ativo, para Vygotsky o sujeito não
é apenas ativo, mas interativo, porque constitui conhecimento
através de relações intra e interpessoais. É
na troca com outros sujeitos e consigo próprio que há
internalização de conhecimentos, papéis e funções
sociais, o que permite a constituição de conhecimentos
e da consciência.
Enquanto para Piaget a aprendizagem depende do estágio de desenvolvimento
atingido pelo sujeito, para Vygotsky, a aprendizagem favorece o desenvolvimento
das funções mentais.
Os estágios de desenvolvimento são importantes na a
avaliação profissional, para saber onde o indivíduo
se encontra para fornecer subsídios para novas aquisições.
Os educadores não devem deixar de perceber o sujeito em relação
ao tempo e a cultura. A criança transforma aquilo que aprende
de acordo com sua capacidade interna, tornando-se transformadora da
aprendizagem, criadora, se essa capacidade de aprendizagem e oportunidade
lhe for oferecida.
Sabemos que muitos indivíduos estão estacionados em
algumas etapas de desenvolvimento e isso é refletido no dia-a
dia, com um jeito particular de pensar.
Considerações
Finais
Ambos os autores comentam o desenvolvimento como resultado da interação com o meio, no qual o sujeito é ativo e participativo. Piaget comenta que o mediador para construção do conhecimento é decorrente a ação interna do sujeito que constrói esquemas. Piaget comenta quatro fatores no desenvolvimento: maturidade biológica, experiência de contato, relação social e equilibração. Vygotsky determina o aspecto social e cultural.
Ambos os autores comentam o desenvolvimento como resultado da interação com o meio, no qual o sujeito é ativo e participativo. Piaget comenta que o mediador para construção do conhecimento é decorrente a ação interna do sujeito que constrói esquemas. Piaget comenta quatro fatores no desenvolvimento: maturidade biológica, experiência de contato, relação social e equilibração. Vygotsky determina o aspecto social e cultural.
Vygotsky atribui esse papel de mediador pela linguagem que desenvolve
também outras funções psíquicas no sujeito.
Para Piaget a aprendizagem depende do real desenvolvimento.
Para Piaget, o pensamento aparece antes da linguagem e para Vygotsky,
o pensamento e a linguagem são processos diferentes e se tornam
interdependentes em expressão do meio.
Referências Bibliográficas
Dolle, J.M. Para além de Freud e Piaget. Petrópolis: Vozes, 1993.
Fowler, R. Piagentian Versus Vygotskyan Perspectives on Development and educacion. Estudo apresentado na Reunião anual da American Educacional Research Association, New Orleans, 1994.
Lester, J. Piaget and Vygotsky. Manuscrito não publicado, 1994.
Lima, E.C.S. O conhecimento psicológico e suas relações com a educação. Brasília, revista em aberto, 1990.
Mool, L.C. Vygotsky e a Educação. Implicações pedagógicas da psicologia sócio-histórica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996
Piaget, J. To Understand is to Invent. Nova York: Basic Books, 1973.
Piaget, J. Aprendizagem e Conhecimento. São Paulo: Freitas Bastos, 1974.
Piaget, J. Seis estudos de Psicologia, Rio de Janeiro: Forense, 1987.
Vygotsky, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
Dolle, J.M. Para além de Freud e Piaget. Petrópolis: Vozes, 1993.
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Piaget, J. Seis estudos de Psicologia, Rio de Janeiro: Forense, 1987.
Vygotsky, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
Flávia
Sayegh - Formada em psicologia pela Universidade Mackenzie e Psicopedagogia
Clínica e Institucional. Participa no atendimento a adolescentes
na UNIFESP, no ambulatório de Pediatria, além de atuar
em clínica particular em São Paulo. flaviasayegh@uol.com.br
Publicado
em 13 de Novembro de 2006
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