terça-feira, 7 de julho de 2015

Como ajudar as crianças a ultrapassar o medo do escuro


Quando chega a hora de dormir – todas elas são manifestações relativamente comuns nas crianças, afetando a maioria da pequenada em algum momento da sua infância. A forma como os pais lidam com estes medos também afetará a capacidade da criança adormecer e a qualidade do seu sono. Conheça as razões subjacentes ao medo do escuro, os sinais típicos que o caracterizam, e dicas para ultrapassar esta fase com sucesso.

Quando é que as crianças têm medo do escuro?

A explicação para esta fase que todas as crianças passam prende-se, acima de tudo, com o facto de a capacidade imaginativa das crianças ser estimulada ao máximo durante a infância, atingindo níveis praticamente ilimitados e irrefreáveis. Trata-se de uma fase normal de desenvolvimento que, por vezes, se prolonga por mais tempo do que a maioria dos pais consideraria expectável, iniciando-se por volta dos 2 anos e estendendo-se até aos 8 ou 9 anos de idade. Durante esta fase, a pequenada absorve tudo o que a rodeia, a um ritmo alucinante e, consequentemente, a sua capacidade de imaginação é gigante – o que significa que agora ela é capaz de imaginar coisas novas e assustadoras.

Porque é que as crianças têm medo do escuro?

E considerando que boa parte do dia das crianças é passado imersa em jogos fantasiosos (na companhia de dragões, dinossauros e vilões), pode ser difícil desligar desse mundo na hora de dormir. Até mesmo coisas familiares que nunca foram assustadoras antes, tais como o seu quarto, de repente podem parecer tenebrosas, quando sobrepostas com o pano de fundo inventivo que a criança evocou e desenvolveu ao longo do dia inteiro. Além disso, nesta fase, os mais pequenos ainda estão a tentar aprender a traçar uma linha de separação entre a realidade e a fantasia, pelo que a possibilidade de uma criatura invisível estar debaixo da sua cama não parece minimamente inusitada. Adicionalmente, as crianças em idade pré-escolar começam a perceber que existem coisas e pessoas no mundo que podem fazer-lhes mal e não é raro quererem fechar janelas ou perguntar “e se os ladrões entrarem na nossa casa?”. A função dos adultos é ajudá-las a compreender a diferença entre um perigo real (aceitar boleia de um desconhecido) e algo que apenas parece um perigo (a “bruxa” no espaço vazio entre a cama e a parede).

Manifestações dos medos noturnos

As manifestações clássicas dos medos noturnos infantis incluem:
  • Medo do escuro
  • Medo de seres sobrenaturais
  • Medo de dormir sozinho
  • Medo das sombras
  • Medo de ruídos
Face a um ou mais medos como estes, as crianças podem recusar-se a ir dormir, ou arranjar os pretextos mais descabidos para retardar ao máximo a hora de enfrentar a cama. Outras apresentarão choros compulsivos ou sinais de ansiedade, tais como tremores e suores frios. Urinar na cama também pode ser um sintoma de medos noturnos. Contudo, é importante ter em conta que cada criança lida com o medo do escuro de forma distinta, pelo que outras manifestações são perfeitamente possíveis.

7 estratégias para ajudar as crianças a ultrapassar o medo do escuro

  1. Em primeiro lugar, há que identificar com precisão o medo da criança. É importante ouvir com atenção o que a pequenada tem a dizer e questioná-la abertamente acerca daquilo que a inquieta na hora de dormir. Evite brincar com ou descartar os medos da criança, pois, aquilo que parece engraçado ou trivial a um adulto, tem contornos extremamente reais aos olhos dos mais pequenos.
  2. Neste aspeto, nunca se deve apoiar as crenças das crianças, mas sim negar e destruí-las. Por exemplo, os pais que afirmam que irão “matar” o monstro debaixo da cama estão simplesmente a confirmar a existência de tal criatura, o que desassossega a criança e lhe retira conforto. Em vez disso, podem usar um foco para, no quarto escuro, espreitar debaixo da cama e confirmar que não existem lá monstros!
  3. De seguida, é fulcral tranquilizar a criança, mas não se deve cair na tentação de deixá-la dormir fora da sua cama, evitando principalmente que durma na cama dos pais. Depois de a acalmar gentilmente, há que ser firme e dizer-lhe que deve voltar para a sua cama. Caso a criança acorde durante a noite e chame os pais, deve-se perguntar novamente qual é o problema e, de seguida, dizer-lhe que está tudo bem, que ela está segura e nada vai incomodá-la, pelo que ambos podem dormir confortavelmente nas suas próprias camas. Fazer com que a criança permaneça na sua cama é extremamente importante, pois só assim ela aprenderá a confiar que o quarto é um local seguro durante a noite. Em última instância, o adulto pode juntar-se à criança no quarto dela, evitando o inverso. Outra opção consiste em dizer à criança que será vigiada por um adulto, espreitando o seu quarto em intervalos temporais progressivamente maiores (inicialmente de 5 em 5 minutos, depois de 15 em 15 minutos, e assim sucessivamente).Esta estratégia assegura a criança de que alguém irá verificar que está efetivamente bem.
  4. Os momentos que antecedem a hora de dormir devem ser felizes e tranquilos. Nos 30 a 60 minutos anteriores à hora de deitar, a criança não deve ser exposta a programas televisivos com muita ação ou de terror; nem a jogos na tablete ou telefone; evitando-se ainda histórias assustadoras/perturbadoras ou outros estímulos inquietantes.
  5. Devem ser permitidos objetos que projetem a sensação de segurança na pequenada. De modo a proporcionar calma e conforto à criança, é importante deixá-la dormir com o seu peluche, brinquedo ou cobertor favorito (ou mais do que um ou todos se isso ajudar!). Caso ela queira a luz acesa, é recomendável uma luz de presença que pode ficar ligada na sua configuração mais fraca dentro do próprio quarto. A porta do quarto também pode e deve ficar aberta.
  6. Durante o dia, é recomendável trabalhar na promoção das capacidades de autoconfiança da pequenada. Por exemplo, fazer com que a criança partilhe os seus medos e receios, de modo a que possam ser discutidas formas alternativas de lidar com os mesmos. Noutra perspetiva, estimular a sua responsabilidade com a atribuição de uma tarefa doméstica, por exemplo, também vai reforçar a sua autoconfiança.
  7. O reforço positivo é muito importante ao longo de qualquer processo de aprendizagem das crianças. Por exemplo, por cada noite que a criança permaneça na cama, pode-lhe ser dado um autocolante para que ela possa colecioná-los. Um mimo especial ao pequeno-almoço, brinquedos ou outros prémios, são tudo formas marcantes de recompensar a criança e reforçar a sua autoconfiança. Além disso, frases de reconhecimento positivo como: “ontem à noite portaste-te muito bem” são sempre uma boa aposta.

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