segunda-feira, 15 de junho de 2015

O que é Apraxia de Fala em Crianças? Quais são os sinais?

“É um distúrbio neurológico que afeta a produção motora dos sons da fala. A precisão e a consistência dos movimentos necessários para produzir os sons da fala estão alteradas, na ausência de déficits neuromusculares. É uma alteração funcional e que nem sempre é detectada em exames para o estudo do cérebro (como ressonância e tomografia).

Apraxia de fala não é apenas um atraso na fala, pelo contrário, é um distúrbio motor (neurológico-funcional) para produzir os sons da fala. É uma desordem neurocomportamental, no qual os parâmetros espaço-temporais dos movimentos da fala estão comprometidos. É um distúrbio instável, dinâmico e que pode persistir até a idade adulta (American Speech-Language-Hearing Association, 2007).
Existem várias terminologias para este quadro, como: dispraxia verbal, dispraxia do desenvolvimento da fala, apraxia desenvolvimental, dispraxia articulatória, desintegração fonética. São diferentes nomes para explicar o mesmo problema. No entanto, é importante salientar, que a Associação Americana de Fonoaudiólogos (ASHA), desde 2007, definiu e padronizou o termo Apraxia de Fala na Infância (CAS, Childhood Apraxia of Speech). 
Quais são os sinais? O que uma criança pode apresentar?
• Bebês quietos. Os pais percebem que vocalizam/balbuciam pouco;
• As pessoas geralmente comentam: “Nossa! Que bebê quietinho vocês tem”
• As primeiras palavras como “mamãe” e “papai” aparecem mais tarde (depois de 14 meses)
• A criança com Apraxia, geralmente compreendem tudo o que falamos com ela, mas ela não consegue se expressar bem. Os pais notam uma discrepância entre a compreensão e a recepção;
• Não consegue produzir adequadamente os sons da fala. Fala apenas as vogais ou falam apenas as primeiras sílabas ou ainda, consegue apenas falar os sons mais fáceis como o som o P, do M e os demais não consegue.
• Apresenta dificuldade para imitar palavras e frases (fala apenas sílabas isoladas);
• Apresenta mais facilidade para falar palavras mais curtas, como “oi”, “dá”….porém para palavras mais longas, di ou trissílabas, já não consegue manter a sequencia correta de sílabas.
• Tem dificuldade para falar todas as vogais (às vezes, o som do “É” sai como “A” ou “E”, por exemplo, fala “pa” para pé).
• Na alimentação, pode ser confusas e distraídas. Precisamos ajudá-la: “mastiga! Morde! Engole!Beba! Pode colocar a comida na boca e ficarem “perdidas” (a boca fica cheia e não sabem o que fazer com o alimento).
• Pode ter dificuldade para mastigar algumas consistências (por exemplo, demora para mastigar um pedaço de carne); a mãe acaba dando tudo mais molinho, já amassado. Pode ter dificuldade para escovar os dentes.
• Os movimentos orais, como colocar a língua para fora, lateralizar a língua dentro e fora da boca, encher as bochechas podem estão alterados. Os pais percebem que não há uma boa movimentação destas estruturas orais. O sopro é fraco (ela tem dificuldade para encher bexigas, para soprar língua de sogra, etc).
• A prosódia ou melodia da fala é afetada. Pode ter uma fala “truncada”, pode ser monótona (dificuldade com a entonação). Parece falar sempre no mesmo “tom”.
• Pode ter uma coordenação motora global não muito organizada: são crianças desajeitadas no correr, no pular. A coordenação motora fina também pode estar prejudicada (não consegue segurar o lápis adequadamente, dificuldade com jogos de encaixe, para atividades manuais que exigem coordenação motora fina).
• Pode falar corretamente uma palavra em um contexto e depois “perder” esta palavra. Tenta falar de novo e sai de um jeito diferente;
• Pode ter histórico familiar para atraso na fala. O pai, a mãe, o avô, a bisavô, um primo…enfim alguém da família, pode ter tido também dificuldade para falar.
• Crianças com Apraxia pode ter dificuldades escolares.
• Crianças com Apraxia também podem ter dificuldades emocionais: os pais percebem que a criança até tenta falar, mas não consegue e isso pode causar frustração, baixo auto-estima. Algumas crianças ficam agressivas e irritadas.

Por Dr Elizabete Giusti

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