segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Atividades Lúdicas para Trabalhar a Ansiedade Infantil

  É de fundamental importância que o professor, psicólogo ou psicopedagogo utilize-se de instrumentos lúdicos como os jogos, para possibilitar que a criança no quadro de ansiedade, vivencie a frustração de interromper a confecção ou ser derrotado no jogo, internalizando dessa forma os efeitos das frustrações como naturais e podendo postergar seus desejos sem grande sofrimento. As atividades que exigem maior esforço de concentração, como o preparo de peças pequenas, o quadriculado, diferentes dimensões de espaços, precisão de detalhes, colaboram para diminuir o nível de ansiedade da criança. 


Neste sentido buscaremos adaptar e aplicar os jogos ou atividades lúdicas com o intuito de trabalhar a ansiedade infantil no contexto escolar. Na atividade a seguir os participantes poderão ser alunos a partir do 2° ano do ensino fundamental. 

É importante que as atividades a serem aplicadas tenham um nível de dificuldade adequada para que o aprendizado ocorra de forma coerente, além de proporcionar a interação e socialização, discussão acerca dos resultados, exploração de habilidades e potencialidades entre os alunos.
O jogo na educação matemática parece justificar-se ao introduzir uma linguagem que será incorporada gradativamente aos conceitos matemáticos formais, ao desenvolvimento da capacidade de lidar com informações e na criação de significados culturais para os conceitos e o estudo de novos conteúdos (MOURA, 1991).
O jogo do bingo pode ser utilizado a fim de trabalhar vários temas. Nesta atividade mostraremos como empregá-lo para estudar a tabuada.
Podemos aplicar de duas formas: apresentar várias cartelas com o resultado das multiplicações ou cartelas vazias onde podemos pedir que os próprios alunos escrevam os resultados que desejarem.
Como jogar:
1) Os alunos escrevem os resultados na cartela ou escolhem uma cartela já preenchida;

2) Escrever na lousa, junto com os alunos, as tabuadas com as quais vão jogar;

3) Sortear um multiplicador e um multiplicando para que a classe encontre o produto;

4) O aluno que tiver esse resultado na cartela, marca um "X" sobre o número;

5) Riscar da tabuada (escrita na lousa) as multiplicações que têm esse resultado;

6) Ganha o jogo o aluno que preencher primeiro toda a cartela.

Material necessário
1) Cartelas vazias de bingo para escrever os resultados das multiplicações a serem trabalhadas ou cartelas já preenchidas;
2) Um jogo de números de 1 a 10 que serão os multiplicandos;
3) Um jogo de números (1 a 5) que serão os multiplicadores;
4) Lousa para escrever as tabuadas a serem trabalhadas.
Objetivo do jogo:
O professor poderá utilizar essa atividade com o intuito de trabalhar a tabuada em sala de aula, podendo variar quanto aos multiplicandos e multiplicadores, bem como quanto aos sinais das operações. Isso tornará o processo de aprendizado mais fácil e prazeroso. Esse tipo de atividade desmistifica o mito de aprender a tabuada e desbloqueia o medo e a sensação de incapacidade em aprendê-la. 
O psicólogo ou psicopedagogo poderão aplicar tal atividade para identificar comportamentos específicos, tais como ansiedade, dificuldade em adaptar-se a regras, dificuldade em lidar com a perda, capacidade de atenção e concentração, além de observar também questões ligadas ao aprendizado em crianças “ditas” com transtornos de aprendizagem como, por exemplo, a discalculia. Exercita a atenção, concentração, memória auditiva, visual e a linguagem oral.

- Jogos de tabuleiro são muito indicados.
São destinados as crianças que estão na fase escolar pois estimulam a alfabetização e as habilidades ligadas ao raciocínio numérico no início do seu desenvolvimento escolar. Possibilita que as crianças assimilem determinados conceitos de forma lúdica e prazerosa, o que traz resultados muito mais significativos. Além disso, este jogo é uma importante ferramenta para o convívio social e servem para aprimorar o conhecimento e ensinar a lidar com a vitória e com a derrota. Entre eles podemos citar:
Domínio de Carcassone (2 a 5 jogadores com idade mínima de 8 anos) : Estimula o raciocínio lógico através da criação de estratégia, da montagem do cenário e da própria execução do jogo, trabalha operações de soma estimulando a aprendizagem matemática, sujeita o jogador ao sentimento de perder e experimentar a frustração possibilitando tolerância e adaptação, ou ganhar experimentando a utilização de regras.
Jogo dos Conquistadores (2 a 4 jogadores com idade mínima de 10 anos): Estimula a criação de estratégias de ação, utiliza cálculos simples e pequenas operações. Depende da sorte para perder ou ganhar o jogo, a estratégia pode ajudar mais não é determinante para o resultado final. Tende a trabalhar com grande eficácia a sensação de derrota e frustração.
Recicle: Tempos de Crise (2 a 4 jogadores com idade mínima de 14 anos): Trabalha operações com dinheiro e valores, com estratégia, ensina a importância da preservação ambiental e da coleta de lixo. Apenas um pode vencer.

- Jogos de cartas são interessantes e tem valores mais acessíveis.
As crianças desenvolvem estratégias de memorização nos jogos de cartas através das  relações entre imagens, números e potencialidades. Entre outros aspectos as cartas são instrumentos de baixo custo e tem uma grande utilidade na educação infantil.
Alguns são:
UNO e Can-Can: A idéia básica desses dois jogos é similar, tendo como objetivo descartar a cada rodada uma carta por vez – sendo que, via de regra, só se pode jogar cartas que sejam da mesma cor ou que tenham o mesmo número da última carta jogada. Trabalha cores e regras.
Monopoly Deal (Banco Imobiliário): É rápido e ágil, trabalha estratégia, lucratividade, administração de negócios. Neste jogo, basta colecionar três conjuntos de propriedades completos para sagrar-se o vencedor.
Coloretto: Os jogadores precisam colecionar cartas coloridas, mas com o cuidado de não juntarem cores demais – no final, apenas três cores somam pontos – todas as outras subtraem. Trabalha organização, cores, caçulos simples de soma e subtração.
Pingo no i: Um jogo de letras, ideal para desenvolver o raciocínio, a criatividade e o vocabulário das crianças através da formação de palavras com as letras contidas em cada carta.

- Jogos de cooperatividade.
As noções de ética e cooperação esportiva, legitimação do processo de pedir ajuda e ajudar, para que todos contribuam com suas forças. Auxilia os professores na experimentação dos conceitos, além do caráter de solidariedade e não de exclusão. As metas e os resultados são estimulados através de desafios, e os mesmos devem ser alcançados de maneira coletiva, oportunizando a satisfação de todos.
Centopeia: Brincando e contando: Para montar uma centopéia com 4, 6 ou 10 pezinhos, precisamos de quantas peças diferentes? Nesta brincadeira, a criança aprende a reconhecer as quantidades e decompor os números. Trabalha a cooperatividade e operações matemáticas simples.
Heróis de todo o mundo: Jogo de até seis pessoas. O objetivo do jogo é que todos possam alcançar a Galeria de Heróis. O tabuleiro é dividido em seis áreas de influência ou “Casas de Poder”, referentes às profissões ou áreas de destaque das personalidades: Artes, Literatura, Esportes, História, Ciência e Tecnologia, Religião. Essas áreas são identificadas por cores diferentes, e todos os peões têm a cor de sua “Casa”. Cada jogador escolhe uma figura histórica de uma área de influência ao iniciar o jogo e deve percorrer 18 casas do tabuleiro (três por Casa de Poder) até seu percurso final em direção à Galeria de Heróis (na área central do tabuleiro) – e à vitória. Trabalha as cores, identificação de personalidades e profissões, cálculos simples e cooperação entre os participantes.

- Jogos tradicionais.
Melhora o processo educativo e proporciona uma aprendizagem mais prazerosa.
Tangram: Composto por apenas sete peças – um quadrado, um paralelogramo e cinco triângulos retângulos – é possível se formar milhares de figuras com um jogo. Existem mais de 6 mil problemas sugeridos. A versatilidade das peças permite compor pássaros, gatos, árvores, pessoas, uma infinidade de figuras geométricas. Possibilita trabalhar as cores, formas geométricas, raciocínio lógico na montagem de figuras, trabalha a atenção, incentiva a persistência diante dos desafios.
Jogo de dados: Estimula a utilização de operações matemáticas simples, além de possibilitar a criatividade para inventar diferentes desafios.
Xadrez: Estimula o desenvolvimento de habilidades que colaboram na aprendizagem em todas as áreas como exemplo dos benefícios temos: desenvolvimento da atenção, raciocínio lógico, capacidade de resolver problemas, análise sistemática dos problemas, conclusões e soluções, aprender a planejar, aumentar a autonomia e controlar a impulsividade, favorecem a atuação escolar daqueles que exercitam o xadrez.
Jogo de dama: Possibilita desenvolver várias habilidades, como: pensamento lógico, poder de atenção e concentração, imaginação, criatividade, julgamento, planejamento, imaginação, antecipação, vontade de vencer, paciência, auto controle.
Através dos jogos é possível trabalhar diversas atividades escolares. A diferença na escolha do jogo varia, de acordo com o objetivo do profissional e suas metas para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
O jogo pode dar respostas, apresentar resultados, desenvolver habilidade e demonstrar competências, desmistificar e desbloquear os conceitos de medo e incapacidade, flexibilizar o olhar e pensar do aluno, trabalhar regras e cooperatividade, valores éticos e morais também podem ser estruturados através da convivência que o jogo possibilita.
Atualmente existem várias pesquisas a respeito da inserção e aplicação do jogo nas atividades escolares e podemos falar da sua eficácia com grande propriedade, pois, escolas em todo o mundo já adotaram os jogos como parte do currículo escolar ou como atividade paralela e necessária dentro de variadas disciplinas.

No caso das crianças que apresentam quadros de ansiedade, o jogo também se mostra importante instrumento, uma vez que dá vazão a pensamentos de medo e insegurança, trabalha a criatividade,limitações, potencialidades e estratégias de ação, dando a criança possibilidades de ampliar seu repertório comportamental, reduzindo a ansiedade. Portanto, não há duvidas dos benefícios obtidos na utilização de jogos e atividades lúdicas na escolarização, frente ao processo de ensino-aprendizagem e diante de quadros clínicos, como por exemplo, a dificuldade de aprendizagem e a ansiedade infantil. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  
MOURA, M.O. O jogo e a construção do conhecimento matemático. In: CONHOLATO, M.C.; FARES, J. (Org.). O jogo e a construção do conhecimento na Pré-escola. Série Idéias, n. 10. São Paulo: FDE/Diretoria Técnica, 1991. 130p.

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