O Transtorno do Espectro Autista (TEA) engloba diferentes síndromes
marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três
características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou
isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no
domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos
simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento
restritivo e repetitivo.
Também chamado de Desordens do Espectro
Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de espectro (spectrum),
porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das
outras, numa gradação que vai da mais leves à mais grave. Todas, porém,
em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de
comunicação e relacionamento social.
Tipos
De acordo com o quadro clinico, o TEA pode ser classificado em:
1) Autismo clássico –
o grau de comprometimento pode variar de muito. De maneira geral, os
portadores são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual
com as pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam a fala
como ferramenta de comunicação. Embora possam entender enunciados
simples, têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido
literal das palavras. Não compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas
formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato
interpessoal. São crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham
para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem
movimentos estereotipados, sem muito significado ou ficam girando ao
redor de si mesmas e apresentam deficiência mental importante;
2) Autismo de alto desempenho
(antes chamado de síndrome de Asperger) – os portadores apresentam as
mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida.
São verbais e inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser
confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento
em que se especializam. Quanto menor a dificuldade de interação social,
mais eles conseguem levar vida próxima à normal.
3 ) Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação
(DGD-SOE) – os portadores são considerados dentro do espectro do
autismo (dificuldade de comunicação e de interação social), mas os
sintomas não são suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias
específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.
Incidência
Não
faz muito tempo, o autismo era considerado uma condição rara, que
atingia uma em cada duas mil crianças. Hoje, as pesquisas mostram que
uma em cada cem crianças é portadora do espectro, que afeta mais os
meninos do que as meninas. Em geral, o transtorno se instala nos três
primeiros anos de vida, quando os neurônios que coordenam a comunicação e
os relacionamentos sociais deixam de formar as conexões necessárias.
As
manifestações na adolescência e na vida adulta estão correlacionadas
com o grau de comprometimento e com a capacidade de superar as
dificuldades seguindo as condutas terapêuticas adequadas para cada caso
desde cedo.
O diagnóstico é essencialmente clínico. Baseia-se nos
sinais e sintomas e leva em conta os critérios estabelecidos por DSM–IV
(Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de
Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da
OMS).o comprometimento e o histórico do paciente
Causas
Estudos
iniciais consideravam o transtorno resultado de dinâmica familiar
problemática e de condições de ordem psicológica alteradas, hipótese que
se mostrou improcedente. A tendência atual é admitir a existência de
múltiplas causas para o autismo, entre eles, fatores genéticos,
biológicos e ambientais. No entanto, saber como o cérebro dessas pessoas
ainda é um mistério para ciência.
Tratamento
Ainda
não se conhece a cura definitiva para o transtorno do espectro do
autismo. Da mesma forma não existe um padrão de tratamento que possa ser
aplicado em todos os portadores do distúrbio. Cada paciente exige um
tipo de acompanhamento específico e individualizado que exige a
participação dos pais, dos familiares e de uma equipe profissional
multidisciplinar visando à reabilitação global do paciente. O uso de
medicamentos só é indicado quando surgem complicações e comorbidades.
Família
O
diagnóstico de autismo traz sempre sofrimento para a família inteira.
Por isso, as pessoas envolvidas – pais, irmãos, parentes – precisam
conhecer as características do espectro e aprender técnicas que
facilitam a autossuficência e a comunicação da criança e o
relacionamento entre todos que com ela convivem.
Crianças com
autismo precisam de tratamento e suas famílias de apoio, informação e
treinamento. A AMA (Associação dos Amigos dos Autistas) é uma entidade
sem fins lucrativos que presta importantes serviços nesse sentido.
Por Dr. Drauzio Varela
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