Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.
Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença
(Cecília Meireles, in 'Poemas 1957)
A intervenção psicopedagógica com pessoas idosas
atua justamente para minimizar essa “indiferença”.
Ás vezes, a indiferença de familiares e da
sociedade, faz com o idoso se torne apático perante a própria vida, sendo este
o momento em que geralmente adoece.
Não ter mais perspectivas, olhar para o horizonte –
tão sonhado na juventude – sem ter estímulos, sem vontade em persistir no eco e
na importância de suas palavras e atitudes, faz com a vida deixe de ser vivida,
trazendo monotonia e tédio para a vida da pessoa.
A intervenção psicopedagógica, visa à inserção do
idoso à sociedade, incentivando-o a reintegrar sua vida, por meio de estímulos
que despertem seu desejo pelo saber.
Esse saber, não é apenas o “saber” acadêmico
e escolarizado, é o desejo de aprender e saber ainda mais com a vida. Ter
novamente sonhos do futuro, utilizar a mente, colocar o raciocínio em
funcionamento, ler, falar, declamar, escrever, voltar a ser o autor de sua
história, com dignidade e auto-estima elevada, pura e simplesmente, por que
ainda pode contemplar a vida.
Essa mudança de olhar para a vida é uma das
intervenções do psicopedagogo. Em sessões semanais com o idoso, promove
situações de desafios intelectuais por meio de jogos, conversas, leituras e
“troca de saberes” que capacitam, reciclam e promovem um grande bem estar
pessoal. Gerando, muitas vezes, a mudança de rotina e desempenho em relação às
atividades do dia a dia.
Porém, seu espírito deve estar aberto para novos
fatos, desafios. O tédio, o ócio, o medo de ousar, são sentimentos que isolam o
idoso do convívio de outras pessoas.
Todas as pessoas têm a capacidade de aprender
durante sua existência. Para tanto, precisam, ser motivadas. A falta de
excitação intelectual leva a estagnação cognitiva, consequentemente, à morte do
desejo.
Sem desejo, não se vive!
Créditos: Lully Nascimento
Fonte: http://www.trabalhoevida.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=31:idosos&catid=12:noticias&Itemid=2
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