É importante reconhecer o valor que se tem!
O poeta Vinicius de Moraes dizia que beleza é fundamental, mas podemos complementar que sem uma boa autoestima qualquer atributo e competência perdem importância. Os talentos naturais ou construídos são desperdiçados porque não são percebidos por quem os possui.A “lente” com que nos olhamos pode nos diminuir, se não foi “bem ajustada”, ou seja, se não construímos ao longo da nossa história um bom conceito a nosso respeito que nos fortaleça a autoconfiança.
Como explica a psicóloga Maria Teresa Ramos de Souza, a construção do autoconceito começa cedo, na infância.
“O bebê vive experiências emocionais desde o nascimento. Já nos primeiros dias a mãe começa a construir um relacionamento com o filho e é então quando inicia sua influência na formação da autoestima dele, isto é, na forma como essa criança irá confiar e acreditar em si mesma“.
A influência positiva e reforçadora das pessoas na qual a criança confia vai ajudá-la a crescer acreditando no seu próprio potencial e possibilidades. Maria Teresa exemplifica com a experiência de um paciente de sete anos que atendeu em seu consultório: “ele apresentava baixa autoestima, mas seu grande conflito era querer muito fazer as coisas certas, porque seus pais cobravam demais o certo“.
“Esses pais eram exigentes em excesso, mas se esqueciam de ensinar à criança como fazer corretamente. O discurso era só de cobranças. Um dia ele me disse que não sabia fazer as coisas “certas” porque ninguém lhe ensinava o que era o certo“.
Com certeza todos os pais desejam preparar seus filhos para os desafios da vida e para que tenham sucesso em suas investidas. Há inúmeras atitudes, no entanto, que devem ser evitadas na orientação e educação, como críticas em excesso e qualificações negativas. Afinal, quando se quer corrigir um comportamento é desnecessário e até improdutivo “desqualificar” a pessoa. O importante é que ela entenda o que está errado e o porquê.
“Os pais devem buscar o equilíbrio na forma de lidar com os filhos. é preciso não ser nem muito condescendente nem muito rígido”, diz a psicóloga e ressalta que o elogio é fundamental: não dá para só apontar erros e falhas. Maria Teresa reforça que na formação da autoestima a comunicação entre pais e filhos deve ser transparente. “O aprender/ensinar devem ser assertivos“.
Também é preciso uma compreensão especial dos pais quando a criança apresenta muitos comportamentos inadequados, que trazem prejuízos principalmente para ela. É comum isso acontecer a partir dos 5 ou 6 anos quando as regras de disciplina e organização da escola ficam mais rigorosas – às vezes até mais do que as de casa.
Nesta fase, a contribuição dos pais para a formação da autoestima é fundamental. “A criança deve ser elogiada e reforçada sempre que faça algo certo, para ajudá-la a compreender e a perceber o que é certo e o que é errado“, acrescenta Maria Teresa.
Na escola, a criança também começa a lidar com frustrações, com perdas e também com rejeições, quando não é reconhecida ou aceita por alguém ou por um grupo. O equilíbrio e carinho da família são importantes para ajudar a criança a reelaborar tais situações e superá-las.
“Afinal, os problemas, as dificuldades, os desafios sempre existirão, seja o nascimento de um irmão, seja o segundo lugar num campeonato, seja um período maior de desemprego, mas o que vale é o quanto se sente amado e preparado para enfrentar os problemas, acreditando no seu valor. As pessoas com a autoestima mais reforçada sofrem com as perdas e derrotas, mas se erguem mais facilmente“, finaliza a especialista.
* Entrevista concedida em 03/10/2007 para os sites IBM e Ig Educa.
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