Rogéria Rodrigues é a primeira mulher com deficiência visual do Piauí
a concluir mestrado. Professora de ensino superior no estado, ela foi
homenageada pelos seus alunos do Plano Nacional de Professores da
Educação Básica (Parfor), da Universidade Estadual do Piauí (Uespi),
durante a solenidade de formatura da turma, que ocorreu no último dia
23.
Rogéria acabou de concluir o mestrado em Pedagogia pela Universidade
Federal do Piauí (UFPI) e diz que se sente feliz com o sentimento do
dever cumprido. “Eu não posso dizer o que eles aprenderam comigo, mas
posso dizer o que tentei ensinar. Sempre busquei levar à sala de aula as
minhas angústias verdadeiras. Sei que a minha presença foi impactante,
eu sentia o silêncio quando entrava na sala de aula. Ao final do curso,
muitos alunos me procuraram para ajudar em seus projetos de conclusão,
em projetos sobre educação especial. Foi uma experiência incrível”,
relembra.
A presença de Rogéria não apenas causou impacto, mas foi fundamental
para o desenvolvimento pleno da disciplina que lecionou: Educação
Especial, na qual são debatidas as dificuldades que podem ser
encontradas pelos professores quando forem para a sala de aula em que
houver alunos com deficiência.
Rogéria diz que espera que outras pessoas se sintam motivadas com o
seu exemplo. “As dificuldades são muitas porque uma pessoa com
deficiência vive em uma sociedade que não foi feita pra ela. Mas não se
pode desistir, não vale a pena desistir. Se tivermos foco, como eu tive
ao decidir trabalhar com a educação inclusiva, fica mais fácil seguir
adiante”, aconselha a professora.
Ela destaca ainda que, embora a sociedade, de uma forma geral, não
esteja preparada para receber adequadamente a todos, algumas propostas
iniciadas pela Uespi são de grande valor para os que precisam. Desde
2003, o Programa de Apoio Pedagógico oferece bolsas a alunos da própria
instituição para auxiliar colegas que possuam alguma deficiência. Além
disso, um grupo já avalia as melhorias que precisam ser feitas.
“No Programa de Apoio Pedagógico, os colegas leem e gravam em áudio
os textos a serem estudados para os alunos cegos, por exemplo. Auxiliam
de diversas formas. É uma grande ajuda, mas hoje já há uma nova
discussão acontecendo na Uespi que merece nosso reconhecimento.
Certamente proporcionará um ambiente muito mais inclusivo e de maior
independência aos alunos com deficiência, em breve”, comenta,
referindo-se à comissão formada por coordenadores e professores da
instituição.
A assistente social da Universidade, Amélia de Sousa Leitão, comenta
que a própria formação do grupo já é um grande avanço. Uma reunião está
previsa para o início de novembro deste ano e o objetivo, no momento, é
identificar as principais demandas dos alunos com deficiência da
instituição.
“Nós já nos reunimos com o reitor Nouga Cardoso e vamos avaliar
exatamente o que precisa ser feito para que possamos atender de forma
satisfatória aos alunos. Depois disso, vamos à parte prática da questão,
executando os projetos”, declarou Amélia.
FONTE:
- Portal MN
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