Nestes anos de luta, vi muita coisa errada sobre o autismo, algumas me
levaram a atitudes que hoje sei serem inadequadas. Muitas desinformações
nos levam a problemas emocionais, a dificuldades mil que podem e devem
ser evitadas:
O Mito: os autistas têm mundo próprio.
A Verdade: os autistas têm dificuldades de comunicação, mas mundo
próprio de jeito nenhum. O duro é que se comunicar é difícil para eles,
nós não entendemos, acaba nossa paciência e os conflitos vêm. Ensiná-los
a se comunicar pode ser difícil, mas acaba com estes conflitos.
O Mito: os autistas são super inteligentes.
A Verdade: assim como as pessoas normais, os autistas têm variações de
inteligência se comparados uns aos outros. É muito comum apresentarem
níveis de retardo mental.
O Mito: os autistas não gostam de carinho.
A Verdade: todos gostam de carinho, com os autistas não é diferente.
Acontece que alguns têm dificuldades com relação à sensação tátil, podem
sentir-se sufocados com um abraço por exemplo. Nestes casos deve-se ir
aos poucos, querer um abraço eles querem, a questão é entender as
sensações. Procure avisar antes que vai abraçá-lo, prepare-o primeiro
por assim dizer. Com o tempo esta fase será dispensada. O carinho faz
bem para eles como faz para nós.
O Mito: os autistas gostam de ficar sozinhos.
A Verdade: os autistas gostam de estar com os outros, principalmente se
sentirem-se bem com as pessoas, mesmo que não participem, gostam de
estar perto dos outros. Podem às vezes estranhar quando o barulho for
excessivo, ou gritar em sinal de satisfação; quando seus gritos não são
compreendidos, muitas vezes pensamos que não estão gostando. Tente
interpretar seus gritos.
O Mito: eles são assim por causa da mãe ou porque não são amados.
A Verdade: o autismo é um distúrbio neurológico, pode acontecer em
qualquer família, religião etc. A maior parte das famílias em todo o
mundo tende a mimá-los e superprotegê-los, são muito amados, a teoria da
"mãe geladeira" foi criada por ignorância, no início do século passado e
foi por terra pouco tempo depois. É um absurdo sem nexo.
O Mito: os autistas não gostam das pessoas.
A Verdade: os autistas amam sim, só que nem sempre sabem demonstrar
isto. Os problemas e dificuldades de comunicação deles os impedem de ser
tão carinhosos ou expressivos, mas acredite que mesmo quietinho, no
canto deles, eles amam sim, sentem sim, até mais que os outros.
O Mito: os autistas não entendem nada do que está acontecendo.
A Verdade: os autistas podem estar entendendo sim, nossa medida de
entendimento se dá pela fala, logo se a pessoa não fala, acreditamos não
estar entendendo, mas assim como qualquer criança que achamos não estar
prestando atenção, não estar entendendo, de repente a criança vem com
uma tirada qualquer e vemos que ela não perdeu nada do que se falou, o
autista só tem a desvantagem de não poder falar. Pense bem antes de
falar algo perto deles.
O Mito: o certo é interná-los, afinal numa instituição saberão como cuidá-los.
A Verdade: toda criança precisa do amor de sua família, a instituição
pode ter terapeutas, médicos, mas o autista precisa mais do que isto,
precisa de amor, de todo o amor que uma família pode dar, as terapias
fazem parte; uma mãe, um pai ou alguém levá-lo e trazê-lo também.
O Mito: eles gritam, esperneiam porque são mal educados.
A Verdade: o autista não sabe se comunicar, tem medos, tem dificuldades
com o novo, prefere a segurança da rotina, então um caminho novo, a
saída de um brinquedo leva-os a tentar uma desesperada comunicação, e
usam a que sabem melhor, gritar e espernear. Nós sabemos que isto não é
certo, mas nos irritamos, nos preocupamos com olhares dos outros, às
vezes até ouvimos aqueles que dizem que a criança precisa apanhar, mas
nada disto é necessário, se desse certo bater, todo o burro viraria
doutor! Esta fase de gritar e espernear passa, é duro, mas passa. Mesmo
que pareça que ele não entenda, diga antes de sair que vai por ali, por
aqui etc. e seja firme em suas decisões. Não ligue para os olhares dos
outros, você tem mais o que fazer. Não bata na criança, isto não ajudará
em nada, nem a você e nem a ele. Diga com firmeza que precisa ir
embora, por exemplo, e mantenha-se firme por fora, por mais difícil que
seja. Esta fase passa, eles precisarão ver a firmeza do outro.
Por Lucy Santos
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