A tendência de uma criança muito pequena é satisfazer seus desejos (WINNICOTT 1971, p. 9) imediatamente, o intervalo entre um desejo e a sua satisfação é extremamente curto. Na idade pré-escolar surge uma grande quantidade de tendências e desejos não possíveis de serem realizadas de imediato. As necessidades não realizáveis imediatamente não se desenvolvem durante os anos escolares também não existiriam os brinquedos, uma vez que eles parecem ser inventados justamente quando as crianças começam a experimentar tendências irrealizáveis.
No início da idade
pré-escolar, quando surgem os desejos que não podem ser imediatamente
satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a característica do estágio
precedente de uma tendência para satisfação imediata desses desejos, o
comportamento da criança muda. Para resolver essa tensão a criança em idade
pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não
realizáveis podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos de brinquedo. A
imaginação, nos adolescentes e nas crianças em idade pré-escolar, é o brinquedo
sem ação.
A partir dessa perspectiva,
torná-se claro que o prazer derivado do brinquedo na idade pré-escolar é
controlado por motivações diferentes daquelas do simples chupar chupeta. A
presença de tais emoções generalizadas no brinquedo significa que a própria
criança entende as motivações que dão origem ao jogo.
No brinquedo a criança cria
uma situação imaginária. A situação imaginária não era considerada como uma
característica definidora do brinquedo em geral mas será tratada como um
atributo de subcategorias específicas do brinquedo.
Se todo brinquedo é
realmente a realização na brincadeira das tendências que não podem ser
imediatamente satisfeitas, então, os elementos das situações imaginárias
constituirão, automaticamente, uma parte da atmosfera emocional do próprio
brinquedo.
"A situação imaginária
de qualquer forma de brinquedo já contém regras de comportamento, embora possa
não ser um jogo com regras formais estabelecidas apriori. A criança imagina-se
como mãe e a boneca como criança e, dessa forma, deve obedecer às regras do
comportamento maternal."(WINNICOTT,1971,p.23).
Toda situação imaginária
contém regras de uma forma oculta; também demonstramos o contrário, que todo
jogo com regras contém, de forma oculta, uma situação imaginária. O
desenvolvimento a partir de jogos em que há uma situação imaginária às claras e
regras ocultas para jogos com regras às claras e uma situação imaginaria oculta
delineia a evolução do brinquedo das crianças.
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