Quem já enfrentou uma crise de Depressão sabe
que este é um desafio respeitável, algo como bater de frente com um
maciço elefante de tristezas e frustrações. Agora feche os olhos por um
instante e tente imaginar alguém com um décimo da sua bagagem de vida
tendo que enfrentar o mesmo elefante... No mínimo, uma covardia; no
máximo, uma carnificina. É exatamente este tipo de ameaça que a
Depressão Infantil representa.
Estima-se que a Depressão Infantil afete
uma em cada 20 crianças abaixo dos 10 anos de idade. O problema maior
(e o grande risco) está no fato de muitas de suas manifestações serem
absolutamente diferentes daquelas observadas em pessoas adultas. Já
presenciei casos de crianças rotuladas como difíceis e mal-educadas,
quando, na verdade, estavam sofrendo de crises depressivas severas. E
ninguém parecia estar entendendo coisa alguma.
As crianças não
possuem vocabulário suficiente para expressar seus sentimentos. Em
geral, fazem isso melhor através de atitudes. E quem tem paciência hoje
em dia para prestar atenção em atitudes que perturbam? Quem nunca criou
um rótulo instantâneo e descartável para um filho ou sobrinho de
comportamento irritante? Infelizmente, em alguns casos, a crise de
pirraça ou aquela agitação toda eram manifestações de um quadro
depressivo. E você comeu mosca.
Por
exemplo, uma criança com menos de 6 anos de idade que se torna
desinteressada, ansiosa, não quer ir para a escola, se queixa
freqüentemente de cansaço, dor de cabeça ou dores na barriga associadas a
medos irracionais, pode estar sofrendo de Depressão.
A
Depressão Infantil pode afetar o rendimento escolar, o desenvolvimento
emocional normal e a estabilidade de toda a família, resultando em uma
maior incidência de violência doméstica e abuso de drogas. Sem
tratamento adequado, 40% das crianças afetadas apresentarão uma crise
grave de Depressão nos 2 anos seguintes, metade delas tentará o suicídio
e 7% terão êxito.
Ainda
não se sabe exatamente a causa da Depressão Infantil. Fala-se muito em
fatores genéticos, orgânicos e ambientais. Sinceramente, na imensa
maioria dos casos que atendo, a criança está simplesmente refletindo a
falta de atenção, carinho e estrutura familiar à sua volta.
Se
você acordou para o problema e quer evitar que a Depressão ameace o
pequeno tesouro que está sob sua responsabilidade, guarde estas Regras
de Ouro em seu coração:
-
Redobre sua atenção quando a criança estiver atravessando situações de
risco: mudanças, separações dos pais, morte na família, chegada de um
novo irmãozinho, etc.
-
Se a criança apresentou uma mudança súbita de comportamento
(agressividade, irritação, agitação ou desinteresse), alterações no
apetite (tem dificuldade para ganhar peso) ou no padrão de sono (sofre
de pesadelos e terrores noturnos), baixa auto-estima (vive dizendo "todo
mundo me odeia") ou dificuldade de concentração (p.ex.: queda no
rendimento escolar), leve-a para ser avaliada por um profissional de
saúde capacitado. Quanto mais cedo a Depressão for diagnosticada, mais
fácil e bem sucedido será o tratamento.
-
Uma criança sadia, que cresce à sombra de uma orientação afetuosa e
honesta, dificilmente desenvolverá um distúrbio depressivo. Por isso,
demonstre sempre seu amor na mesma proporção em que cobra disciplina.
Esse, talvez, seja o grande segredo de tudo.
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