sábado, 8 de agosto de 2015

Desenho: espelho do desenvolvimento infantil

O desenho é um pilar do trabalho com a infância. Desenhando a criança mobiliza tantos processos cognitivos e motores que a atividade, lúdica e prazerosa, favorece desenvolvimentos e ainda dá pistas deles para os educadores.

IMAGEM RISCADORES

No post Repetir propostas para crianças. Será? Falamos sobre a repetição de atividades, destacando o desenho. Ao repetir o ato de desenhar a criança evolui as marcas que aprende a fazer. Lowenfeld, Piaget, Vygotsky e Luquet estudaram esse desenvolvimento e o consideraram como marcas do amadurecimento da criança.
Segundo Lowenfeld, a criança inicia o processo de desenhar fazendo garatujas ou rabiscos de forma desordenada. Em seguida, os rabiscos vão se ordenando. A prática desse rabiscar encaminha a criança para fazer formas. As formas vão gerando as figuras humanas que são constituídas basicamente por cabeças redondas e membros que se originam dela. Essas figuras, ao longo das repetições, vão adquirindo mais detalhes e o desenho passa a evoluir na composição também.
Fases do desenho bxx - Lowenfeld
Esses estudiosos do grafismo infantil, sem exceção, reconhecem a existência de determinadas fases, etapas ou períodos que são comuns aos sujeitos em processo de apropriação do desenho como sistema de representação.
Balão Dúvida pComo incentivar e favorecer esse processo?
O ato de desenhar pode acontecer com variações que devem contribuir para a sua própria evolução.
 Combinações de com o que se desenha (os riscadores) com onde se desenha (os suportes) podem conferir ampliação e desafio aos processos.
setaAlguns riscadores:
  • giz de cera
  • giz de lousa
  • lápis de cor
  • lápis grafite
  • pedaços de carvão
  • terra
  • tintas
  • pincéis
  • palitos
  • dedos das mãos e dos pés
  • Etc., etc., etc.
setaAlguns suportes:
  • papel
  • papel ondulado
  • cartolina
  • lixa de parede
  • vidro
  • azulejo
  • espuma de sabão
  • areia
  • solo
  • tecidos
  • chão (com papel)
  • parede (com papel)
  • o ar
  • Etc., etc., etc…
A combinação desses elementos favorece as oportunidades de desenvolver a motricidade e o cognitivo relacionado ao ato de desenhar. É controlar os movimentos do riscador que está na mão sobre a qualidade do suporte, apreender a olhar, desenvolver a ordenação de ideias e caminhar para um raciocínio de espacialidade e simbologia daquilo que se quer produzir.
 A linguagem do desenho no grafismo infantil é um sistema de representação complexo, noqual se desenvolve a percepção de mundo, a fantasia, a criatividade, as formas de expressão, a imaginação e se registram as experiências e as emoções.
Balão Dúvida pÉ possível pensar nas variantes que as combinações de riscadores e suportes podem provocar?
E o que pensar das histórias que nasceram com este desenhar?
No Ateliê Carambola, a pré-escola de São Paulo dirigida pela pedagoga e estudiosa Josiane Del Corso, o desenho é visto como uma linguagem que expressa pensamento: na criança pequena o movimento é a gênese do pensamento. O movimento que nasce da ação, do desejo da descoberta, do prazer do movimento, que revela um corpo em formação (…) e que precisa estar inteiro nos processos inaugurais da infância. Crescer deixa marca. A infância desenha seu processo, deixa suas marcas, marcas do gesto (Professora Viviane Cukier).
Desenho no Ateliê Carambola
No trabalho da Carambola se valoriza a experiência de desenhar com o corpo todo, em grandes suportes, como folhas de papel de rolo ou emendadas. No chão ou pendurados na parede, os suportes podem permitir e abrigar os movimentos do corpo que se debruça sobre os papeis e acompanha o riscar das mãos. São pernas que abrem e fecham no ritmo dos riscos, são balanços de cabeça, de cintura e dos pezinhos que participam do intenso processo.
O olhar do Tempo de Creche sugere que os educadores observem, leiam os desejos das suas crianças, permitam as interações do corpo e deixem a imaginação agir para combinar suportes e riscadores e repetir o ato de desenhar ao longo da educação da infância.

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