sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ensinar os filhos a valorizar o que têm

Quando em nossa infância passamos por certas privações, é comum querer que os filhos não sofram o mesmo. E assim, às vezes cometemos o erro de lhes dar presentes demais “para que não lhes falte nada”. Contudo, é preciso ajudá-los a compreender a fugacidade do valor material e a importância de pensar no que temos frente ao que almejamos.
“Se você não é feliz com aquilo que deseja,
também não será com aquilo que lhe falta”
Pode acontecer que você passe por uma loja, compre um belo brinquedo e leve-o com toda a sua ilusão, e as crianças não dão a menor importância ao presente (os pais podem ficar mais felizes em ver seus rostos de surpresa do que as crianças com o brinquedo em si).
Continuam extasiados com o que estavam fazendo, certamente com o celular, o tablet ou o computador. Isto pode frustrar de início. Inclusive pode fazer com que a tristeza invada você, pois teve que trabalhar duro para poder comprar esse brinquedo que não souberam valorizar.

Claro, eles têm um quarto cheio de coisas para brincar (mesmo que usem apenas parte dele) e, portanto, é muito difícil que prestem atenção a algo novo ou que mostrem gratidão pelo gesto. Está em nós, como adultos, a tarefa de ensinar-lhes a reconhecer os sacrifícios.
Isto não quer dizer que devam trabalhar quando são pequenos, mas sim devemos lhes mostrar que na vida “nada cai do céu além da chuva” e que para conseguir o que desejam, terão que fazer algum esforço. Pode soar um pouco forte para uma criança em idade escolar, contudo, será um grande favor para ela se conseguir internalizar este conceito.
Muitas vezes não percebemos que nossos filhos estão recebendo tudo sem dar a mínima atenção a sua procedência, a como foi difícil ganhar o dinheiro para comprar o presente, de que forma o dinheiro é obtido, etc.

Mesmo que estejamos em uma boa situação econômica, é preciso não acostumá-los a ter tudo o que desejam. Nunca se sabe o que pode acontecer, e não podemos ter certeza de que a nossa situação econômica será igualmente boa no futuro. Agora, como fazê-los compreender nesse momento em que não se pode (mesmo que se queira) comprar um brinquedo novo, um videogame ou um celular do último modelo?


Como ensinar as crianças a valorizar o que têm?

Para que os pequenos percebam o preço das coisas (não em questão de dinheiro, e sim em questão de esforço ou de estabelecer prioridades, por exemplo) e não se transformem em uma máquina de pedir diariamente, é bom que:

– Tenham uma responsabilidade no lar. A partir dos três anos, a criança já pode participar em algumas das tarefas do lar e assumir algum tipo de responsabilidade, por menor que seja. De início você não vai deixar que eles organizem os cristais ou que limpem as janelas, mas que levem a roupa limpa para o seu quarto e guardem os brinquedos, por exemplo.
Paulatinamente você pode lhes atribuir novas tarefas, adequadas às capacidades que já desenvolveram. Mas atenção, o melhor para reforçar esse tipo de conduta não são as recompensas materiais, e sim as palavras e o reconhecimento social, para que possam se sentir orgulhosos.



– Não compre tudo o que pedirem. As propagandas nos espaços dedicados ao público infantil na televisão são pensadas para criar o desejo nas crianças. De fato, apresentam os brinquedos como fantásticos aparelhos criadores de diversão. Se você for lhe dar um presente que corresponde a um dos seus desejos, é melhor que você leve um tempo para cumpri-lo.

– Tome o seu tempo para “processar o pedido”, e confirme que se trata de algo que eles realmente querem e que não se trata de um desejo impulsivo por um brinquedo que viram na televisão ou que um colega da escola tem. Não tente demonstrar o seu carinho comprando-lhes coisas. Faça-o como todo pai deveria, isto é, com tempo e carinho.

– Defina um orçamento. Quando as crianças já são um pouco maiores e têm a capacidade de conhecer os preços e o dinheiro, podem conversar em relação aos custos de certas coisas que pedem. Permita que ajudem na administração do dinheiro e se você tiver a possibilidade (e eles merecerem), você pode lhes dar uma mesada para que se acostumem a administrar os seus próprios recursos limitados.


Por fim, não caia no erro de dizer “não falta nada para os meus filhos”, porque o dinheiro ou os presentes não são os que compram a felicidade nem o amor. Lembre-se de que “Onde há demais, algo está ausente. O que sobra não pode substituir o que falta”.

Por: Yamila Papa

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