Os medos sempre fizeram parte de todos nós, adultos e crianças, ainda mais nos dias de hoje em que a violência e o perigo estão em toda parte e a qualquer hora do dia e da noite.
Parece haver competição entre a mídia para
ver quem dará a notícia mais tenebrosa e em primeira mão. Com isso, a
criança fica totalmente exposta às cenas mais chocantes, sentindo-se
indefesa e fragilizada, principalmente quando percebe o terror estampado
na face dos adultos e em seus comentários.
Para
a criança, a descoberta do mundo traz muitas incertezas e ameaças. Tudo
é muito novo e, portanto, desconhecido. Por este motivo, necessita
tanto do acolhimento dos pais, com compreensão e amor nos momentos de
angústia e de medo.
Os temores surgem desde o nascimento e vão
mudando durante a evolução infantil, porque a criança vai agir de acordo
com as vivências passadas, boas e más. Sendo assim, começam quando o
bebê não se sente bem amparado no colo, ao ouvir ruídos altos e
repentinos.
Entre sete e doze meses, o bebê pode sentir medo ao se
deparar com estranhos ou em situações e coisas que não lhe são
familiares.
Entre dois e três anos, o medo de animais, lugares
escuros, separação dos pais, estímulos intensos como sirenes, trovões,
bem como, máscaras e fantasias muito coloridas, como de palhaços e papai
noel, que não fazem parte do seu dia a dia.
Interessante
ressaltar que é mais comum o medo do escuro ocorrer após os três anos e
quanto mais idade mais se acentua, fazendo com que a criança se perceba
mais vulnerável e menos confiante para enfrentá-lo.
Sem serem
superprotetores, os pais podem e devem ajudar seu filho a superar seus
medos, incentivando-o a expressar seus sentimentos, demonstrando
confiança em que conseguirá força e coragem para isso. Vale ressaltar
que, para o sucesso do empreendimento, os pais também precisam lidar com
seus próprios medos e controlá-los.
Não se pode ignorar que o
medo exagerado provoca infelicidade e sofrimento, atrapalha o
desenvolvimento emocional da criança e tampouco tentar evitar que ela se
depare com o objeto temido. Gradualmente, pode-se aproximá-la dele,
respeitando sempre o limite imposto por ela, sem trauma, e
preferencialmente tentar quando outra criança de idade equivalente
estiver perto do objeto, sem demonstrar medo.
Não se pode esquecer
que o medo também é benéfico, uma vez que nos afasta do perigo real.
Mas a criança pequena, entre dois e três anos, vive num mundo todo seu,
mágico, onde tudo é possível e onde não consegue discernir a realidade
da fantasia. Desta forma, os pais devem estar sempre alertas para evitar
que se machuquem, porque a curiosidade própria da idade vai fazê-la se
envolver em situações mais arriscadas.
Muitos medos vão se perder
pelo caminho com o passar do tempo e com a maturidade. Conforme a
criança se acostuma e passa a confiar no ambiente que a cerca, vai se
sentindo mais capaz, com mais recursos internos para superar certos
temores.
Se os eventos que a traumatizaram permanecerem num
passado cada vez mais distante, ou seja, se não se repetirem, o medo
poderá enfraquecer aos poucos. Mas não é tão simples assim. O sucesso
depende do tipo de personalidade da criança, dos pais, do ambiente em
que ela vive também.
Muitos pais evitam contar histórias para seus
filhos, pois creem que as bruxas, os monstros, irão intensificar os
medos infantis.
Enganam-se, uma vez que os contos de fadas
oferecem à criança alternativas para lidarem com seus temores, pois as
fadas e os príncipes sempre aparecem para destruir o mal.
Para
que a criança se fortaleça e se sinta menos impotente e vulnerável, é
preciso que os pais incentivem-na a transpor obstáculos em geral,
elogiando e valorizando cada conquista sua.
Mas lembrem-se: sem
cobranças, sem apressar o desenvolvimento natural, sem antes a criança
sinalizar que está preparada para o sucesso e, principalmente, para o
fracasso momentâneo.
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