Superproteção é um dos fatores que impedem seu desenvolvimento.
A probabilidade de uma criança nascer com Síndrome de Down no
Brasil, independente de qualquer fator de risco, é de 0,001%.
"Entretanto, fatores como a idade do casal (abaixo de 18 e acima dos 35
anos), histórico familiar de Alzheimer e até problemas de tireóide
aumentam a chances de modificação do código genético, originando uma
terceira cópia do cromossomo 21, o que origina a síndrome", explica o
geneticista e pediatra Zan Mustacchi, diretor do Centro de Estudos e
Pesquisas Clínicas de São Paulo (CEPEC-SP).
Após o diagnóstico,
os pais são auxiliados sobre como lidar com o filho com o acidente
genético, mas muitas vezes ficam na dúvida sobre como estimular a
criança. "Não existem graus de síndrome de Down, como acontece com o
autismo. As diferenças de desenvolvimento decorrem de características
como herança genética, educação e estímulos do meio ambiente", afirma a
psicóloga Luciana Mello, da Fundação Síndrome de Down, em Campinas.
Superproteção
e excesso de cuidados, na maioria dos casos, são os inimigos do
crescimento emocional, social e intelectual da criança. Para ver como
dosar sua preocupação sem prejudicar o amadurecimento infantil, veja as
dicas dos especialistas.
Brinquedos e brincadeiras
Segundo Zan, não existem brinquedos estimulantes, mas pessoas capazes
de estimular o desenvolvimento de crianças por meio de brincadeiras.
"Uma caixa de papelão pode ser um ótimo brinquedo, desde que o adulto
saiba criar uma interação divertida com ela", afirma. Assim, os
brinquedos mais indicados a crianças com síndrome de Down são aqueles
que despertam a atenção e a curiosidade dela. Também vale prestar
atenção na faixa etária recomendada de cada brinquedo, informação
presente na embalagem.
Fala e linguagem
Quando os bebês começam a compreender o que é dito e já demonstram
algum tipo de linguagem, passam a insistir para que a mesma história e a
mesma brincadeira sejam repetidas à exaustão. Isso acontece porque eles
gostam mais do que é familiar - daí o estranhamento a pessoas alheias à
convivência. "A repetição ajuda a fixar informações", diz o
geneticista.
Ele recomenda que o adulto tente dar exemplos do que
conta. "Se estiver falando de uma casa, aponte para uma. Se falar de um
cachorro, mostre um. As crianças aprendem primeiro com os olhos e,
depois, com a audição", diz. Outro conselho do pediatra é não falar
muito lentamente com a criança e, caso ela tenha problemas de dicção,
buscar ajuda com um fonoaudiólogo.
Escola e colegas
De acordo com a psicóloga Luciana, o momento ideal para se colocar uma
criança com síndrome de Down na escola é o mesmo de qualquer criança:
quando ela começa a falar. Ela vai aprender desde o básico, como avisar
que está com fome ou que precisa ir ao banheiro, como elaborar formas
mais complexas de comunicação, emitindo opiniões e criando novos
relacionamentos. A pediatra afirma que atualmente há uma lei que exige
que crianças com síndrome de Down sejam matriculadas em escolas
regulares, pois a escola especial é segregadora e não possibilita a
inclusão.
Já o geneticista Zan aconselha que ela frequente apenas
a escola regular na infância e, no começo da adolescência, passe a
cursar a escola especial. "A criança com Down deve manter vínculos com
pessoas de diferentes lugares, mantendo o vínculo por causa de
interesses comuns", explica. Os pais, no entanto, devem ficara tentos à
marginalização e ao preconceito que podem surgir nas escolas regulares e
procurar a coordenação caso notem qualquer tipo de atitude negativa
vinda dos alunos ou dos funcionários, incluindo o professor.
Atividades físicas
Crianças com síndrome de Down estão sujeitas a uma condição chamada de
hipotonia, ou seja, de baixo tônus muscular. Isso dificulta a realização
de tarefas que exigem contração contínua, passiva ou parcial, como
manter a postura, por exemplo. "A hipotonia não pode ser curada nem
evitada, mas por meio de fisioterapia é possível fortalecer essa
musculatura", afirma Luciana.
Zan Mustacchi também é a favor do
incentivo a atividades físicas. "A prática de exercícios não só estimula
o corpo, como insere a criança em mais um círculo de convivência. Os
esportes de contato, mais agressivos, devem ser evitados até os sete
anos, porque a criança pode se machucar mais facilmente". Até esta
idade, o ideal é estimular brincadeiras e joguinhos para trabalhar a
coordenação motora.
Nutrição
A
alimentação recomendada a uma criança com síndrome de Down é aquela em
que há presença de todos os grupos alimentares de forma balanceada, como
para qualquer criança. Entretanto, dependendo do grau de hipotonia, a
mastigação e a digestão podem ser mais lentas. Uma nutricionista
consegue avaliar se existe a necessidade de alguma adaptação, evitando
dores de estômago ou dificuldades intestinais.
Imunização
O geneticista Zan diz que a primeira recomendação a uma mãe que teve um
filho com síndrome de Down é que ele seja amamentado pelo maior tempo
possível, pois o leite materno é um alimento altamente nutritivo que
permite a passagem de anticorpos para a criança. Outro ponto fundamental
é em relação às vacinas. "Por, em geral, ter um sistema imunológico
alterado e problemas respiratórios, ela deve tomar as tradicionais e
algumas que só são aplicadas em sistemas particulares de saúde, como a
contra a hepatite A e a contra a varicela ou catapora", explica o
especialista. lgumas das vacinas extras são caras, mas o Sistema Público
de Saúde fornece todas gratuitamente a mães que fizerem a solicitação.
Converse com seu médico.
Inclusão social
"A superproteção é a maior barreira contra o desenvolvimento de uma
criança com síndrome de Down", alerta Luciana Mello. Segundo ela, isso
faz com que os pais e a sociedade infantilizem o indivíduo, impedindo
que ele vivencie diferentes etapas da vida, desde a infância, passando
pela descoberta da sexualidade, até o completo amadurecimento. Inscrever
a criança num grupo de atividade física ou estimular o aprendizado
somente em escolas especiais, por exemplo, diminuem as chances de que
ela conviva com a diferença e faça mais amigos.
Fonte: Portal da EducaçãoFisica.
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