terça-feira, 10 de julho de 2018

Planejamento por Sequência Didática na Educação Infantil


“Sequência didática para Educação Infantil é uma ferramenta que deve e que precisa entrar de uma vez nas rotinas de creches e centros de Educação Infantil, senão, corremos o risco de deixar na infância das crianças, marcas de uma escola que não leva a descobertas, a dúvidas, a sonhos.”
O que é?
Trata-se de sequência didática, uma forma organizada sequencialmente para desenvolver saberes vários no universo infantil. A sequência didática tem a intenção de estruturar um trabalho mais organizado e mais pertinente a esta criança de hoje – que tem contato com inúmeras fontes, mas que não tem um  trabalho estruturado, no sentido de dar organicidade a tudo que ela vê, consome, sente e faz o dia inteiro.
A sequência didática é uma forma de organizar o planejamento semanal da rotina das crianças, assim como também de organizar o desenvolvimento delas a partir de conhecimentos que se ampliam empiricamente, pouco a pouco e vão se tornando grandes fontes de percepções múltiplas.
O planejamento por sequência didática consiste em sistematizar o trabalho docente na intenção de ajudar a criança  a desenvolver competências e habilidades que deem significado para a efetivação do seu processo de aprendizagem. Numa visão de crescimento pedagógico, a orientação para emprego do termo “sequência didática” nos planejamentos de aulas dos professores torna-se um ganho, porque tem a premissa de garantir uma efetiva participação dos alunos durante as aulas ministradas pelos professores da Educação Infantil e com isto eles não perdem conteúdo – sim, conteúdo mesmo. Educação infantil também é lugar de conteúdo pois o papel da escola, seja ele em qual fase ou idade for, é sempre gerenciar a aprendizagem das crianças.
Sua importância:
A situação didática é formada por atividades que podem ser definidas como sendo os “meios” usados pelo professor a fim de que o aluno vivencie as experiências necessárias ao desenvolvimento de competências e habilidades fazendo com que a aprendizagem seja significativa. Valoriza a investigação, a integração, a cooperação e incentiva a ação do aluno. É o estímulo à cooperação entre o grupo (alunos e professor) e busca o desenvolvimento de habilidades como características básicas do processo de aprendizagem. A sequência didática deve ser planejada pelo professor, de forma a tratar cada conteúdo de maneira específica e singular, oportunizando ao aluno o desenvolvimento da autonomia para que empregue seus próprios mecanismos na construção e reconstrução do seu conhecimento e arquitetar formas para a resolução e formulação criativa de problemas. Criar uma sequência didática é programar situações e circunstâncias em que o estudante realmente construa seu conhecimento. A finalidade, portanto, é possibilitar ao aluno a construção de seu conhecimento por meio da articulação de diversas teorias didáticas, como a noção de objetivo-obstáculo a ser desvelada.
Apesar de a sequência didática ser pensada para que o aluno construa o saber, cabe ao professor planejar os dispositivos didáticos que propiciem a evolução intelectual dos alunos. Para que a sequência didática aconteça é preciso que os conteúdos estejam organizados em um sistema que irei nomear passo a passo, nos capítulos publicados nas próximas edições: serão eles os pontos primordiais de nossa ação agora na Educação Infantil.
Estruturando de maneira correta:
Toda vez que o planejamento para Educação Infantil tiver que ser estruturado sob o prisma da SEQUÊNCIA DIDÁTICA, ele terá que seguir cinco passos, que não precisam ser rigorosamente na ordem aqui apresentada.
Ressalto a importância de que o primeiro passo seja sempre o passo em que o educador trabalhe EMOÇÃO/RECEPÇÃO, pois é este o momento mais delicado da sala de aula da infância. Saber receber e acolher uma criança é uma tarefa muito importante. A criança não tem experiência profunda em convivência nos espaços coletivos hoje, sobretudo aqueles que vivem em pequenos apartamentos, espaços reduzidos, fechados, privados, em função da violência, do convívio com outros seres.
Desta forma, o educador precisa ter uma forma delicada, segura e afetiva para receber e acolher diariamente as crianças pois elas estão em socialização, em construção de autonomia, em descobertas destes ambientes educativos. Assim, sugiro que a atividade que trabalha e que ouve as questões afetivas trazidas pelas crianças seja sempre a primeira do dia – assim o educador poderá usar, inclusive, estas histórias e estes relatos ao longo da manhã ou da tarde. Situações trazidas pelas crianças ao grupo, na hora da roda, da conversa ou da prática diária da escuta, são ricas e possibilitam que elas entrem mais rapidamente em contato com os outros – razão maior da socialização.
1º passo da sequência didática: Recepção/emoção
• Emoção
• Sensibilidade
• Interação social
• Simbolização
Para que aconteça então a sequência didática os demais passos podem ser encaixados nos horários diários da escola sem nenhuma outra imposição. Temos apenas que lembrar que a sequência aqui apresentada só é composta com atividades que englobem todos os passos abaixo listados. Vejamos:
2º passo: trabalho com a exploração dos Sentidos
  • Tato
  • Visão
  • Olfato
  • Gustação
  • Audição
3º passo: trabalho com uma ou mais Linguagens
  • Pictórica – desenho
  • Musical – vocalização, oralidade, rota fonológica e voz
  • Sinestésica – movimento/psicomotricidade
  • Midiática – computador
  • Gráfica – as letras e os números
4º passo: trabalho explorando uma ou mais Formas
  • Aplainar
  • Ampliar
  • Reduzir
  • Juntar
  • Modificar
  • Quadrado
  • Triângulo
  • Círculo
  • Retângulo
5º passo: é quando o educador pode lincar conteúdos (Interdisciplinaridade)
  • Natureza e sociedade
  • Identidade e autonomia
  • Movimento
  • Música
  • Artes visuais
  • Literatura Infantil
Não é demais dizer que estes passos não possuem ordem definida, ou seja, o educador pode realizar uma atividade interdisciplinar antes de realizar uma atividade com formas e assim sucessivamente. Também vale a pena lembrar que no caso da Educação Infantil as atividades de registro nunca podem ser realizadas nos últimos horários dos períodos letivos. Exemplo: fazer raciocínio lógico ou tentativas de escrita nos últimos 30 minutos do período letivo não é o ideal, pois as crianças já estão esgotadas de uma manhã ou de uma tarde de trabalho e isto as deixam com menos condições de vigília – atenção, o que só atrapalha sua concentração na execução formal da atividade.
Outro ponto que requer atenção é o fato de que nos últimos horários várias crianças acabam saindo mais cedo em função de os pais apanhá-las. Assim, nos últimos minutos do dia letivo é sempre melhor termos atividades corporais, músicas, artes e até mesmo roda de conversa pois estas dinâmicas de aula não se deixam interferir pelos problemas apresentados.

Fonte: PDD Pela paixão de educar e o desafio de inovar.

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